Péri faz estreia literária com “Poesias Vermelhas” !
Aos detalhes.

Foto: Rafael Nogueira
Entre a canção e o verso, o músico, cantor, compositor, produtor e poeta, Péri (@periandro), conhecido por sua trajetória múltipla, com prêmios como o Troféu Caymmi, Rumos Itaú Cultural e uma indicação ao Grammy Latino, lança o livro “Poesias Vermelhas”, com poemas de resistência, desejo e liberdade, fora da métrica musical, com lirismo sensível e provocador.
A obra marca sua estreia literária publicada, resultado de um processo íntimo e libertador, mas não é seu primeiro livro escrito. A noite de lançamento será no dia 07 de agosto, quinta-feira, às 19h, na Bibla Livraria e Cafeteria (@bibla.bibla), na Vila Madalena, em São Paulo, com sessão de autógrafos, leitura performática e roda poética.
O evento será um encontro poético aberto ao público. Reunirá amigos, artistas e leitores em torno de um livro que nasce da travessia entre a música e a literatura. Disponível em versão impressa e digital, é uma publicação independente, produzida entre 2020 e 2021, com projeto gráfico de Rafael Nogueira. A ideia é que o projeto também chegue à Bahia, terra natal do autor.
“Sim, também quero levar esse livro a Salvador. Ele nasceu com raízes baianas e floresceu em São Paulo. Agora precisa circular como poesias de resistência, das fagulhas de palavras, das cores e desejos de banderolas, a poesia do arco, da sorte, do voo, dos cantos da metamorfose, história de quintal. A poesia nos liberta — em segundos”.
Para a epígrafe que abre o livro, Péri se inspirou na inquietude do escritor e ensaísta Augusto de Campos, referência marcante na sua formação e símbolo da poesia concreta brasileira. Um gesto de pertencimento e reverência à linguagem.
“Essa poesia diz muito sobre minha obra. A estética da poesia, para mim, é um lugar de revelação. De pulsação”, explica Péri.
“O Poeta ergue a mão
Sinistra e a mão direita
E com ambas do chão
A sua alma estreita.
Depois deixa pender
A certa e cobre os olhos
Com a menos segura
Depois se vê cansado
E com uma flor escura
Dom quixote chorando
Contra os moinhos grandes
De vento do Poema”
Augusto de Campos
A poesia que nasceu sem o compromisso da canção
O artista conta que começou a escrever poesias ainda adolescente. Depois disso, partiu para a canção e começou a musicar suas poesias. Mas, de uns dez anos para cá, voltou a escrever sem o compromisso da métrica musical. Essa liberdade criativa lhe permitiu uma nova realização estética e explorar a palavra em seu estado mais cru e simbólico.
“Queria construir uma poesia que se explicasse por si só. Que não dependesse da música para existir, para se explicar, para chegar aos corações das pessoas. Isso está me dando uma alegria imensa. Agora, eu posso dizer oficialmente: sou poeta”.
Em “Poesias Vermelhas”, o artista explora com intensidade temas como corpo, desejo, política, tempo e silêncio A cor vermelha, presente no título, é símbolo de tudo isso.
“O vermelho está nas bandeirolas da festa, nas paixões e nas resistências. São poesias que provocam. A poesia existe para isso. Mesmo quando é violenta, triste, contemplativa ou desafiadora, é necessária. Ela nos tira da acomodação, provoca a realidade, o entendimento, o significado da vida. Essas poesias, quando caem no mundo, vão em busca de outras pessoas que sentem parecido. A poesia nos traduz, por isso o poeta é um ser necessário nessa travessia lírica entre os signos, especialmente em tempos de sensibilidade social tensionada”, resume o escritor.
Ele também pontua que a poesia está no coração dos seres humanos desde os primórdios. Antes da escrita, o ser humano já se expressava com símbolos e imagens nas cavernas. Depois, com a linguagem, passou a se revelar em palavras.
"Estou escrevendo muito e me realizando em um ritmo completamente diferente do da canção. Atingi uma parte do meu coração que eu não tinha alcançado ainda no plano da realização artística. A poesia é fundamental para o mundo!”, conclui Péri.