Pesquisa com bactérias na Amazônia estuda a possibilidade de desenvolver novos medicamentos
Parceria estuda espécies de bactérias que não podem ser criadas em laboratório

Foto: Ricardo Stuckert/PR
Uma parceria inovadora entre o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e a Universidade Federal do Pará (UFPA) está trabalhando para buscar novas substâncias com potencial medicinal na Amazônia.
O trabalho começou recolhendo amostras do solo dos interiores do Parque Estadual do Utinga, em Belém, no Pará. Foram investigadas três espécies de bactérias pertencentes às classes Actinomycetes e Bacilli e aos gêneros Streptomyces, Rhodococcus e Brevibacillus.
Em seguida, os pesquisadores do laboratório EngBio, da UFPA, utilizaram o sequenciador PromethION, da Oxford Nanopore, que permite uma análise em tempo real e a leitura direta de DNA. Assim, foi possível estudar como os genes atuam na construção de enzimas e como elas se tornam moléculas mais complexas.
Com este sequenciamento, é possível analisar as chamadas bactérias "selvagens", encontradas na natureza. Que podem conter substâncias desconhecidas que podem ser utilizadas na fabricação de novos medicamentos.
O último passo foi encaminhar a produção para uma escala laboratorial. Entendendo quais os genes que produzem cada substância, utilizando uma técnica chamada metabologenômica, os pesquisadores "convenceram" espécies de bactérias de manejo comum no laboratório a aceitarem esses genes e produzirem as substâncias, produzindo quantidades que possam ser testadas e trabalhadas.
Com a estrutura oferecida pelo CNPEM, um laboratório pode realizar até 10 mil testes por dia.
O estudo revelou que há muitas substâncias desconhecidas presentes no solo da Amazônia e ressaltou a pouca exploração da Amazônia neste sentido.