Pesquisa revela baixo risco de transmissão da Covid-19 durante a gravidez para o bebê
Porém, infecção pode 'desorganizar' placenta

Foto: Agência Brasil
Um estudo realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o risco de transmissão da Covid-19 da mãe para o bebê é baixo, porém, o coronavírus pode afetar o funcionamento da placenta, aumentando o risco de complicações e até mesmo de morte. Segundo a professora associada Maria Laura Costa do Nascimento, do Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, o estudo confirma que esse grupo deve ser considerado de alto risco para a doença.
Além disso, Nascimento enfatiza a importância da vacinação como medida preventiva para evitar o agravamento da Covid-19 e preservar a saúde da mãe e do filho.
O estudo envolveu a coleta de material biológico e a análise de placentas de mulheres infectadas pelo vírus, assim como a realização de exames de sangue e outras amostras. Embora nem todos os resultados tenham sido publicados, foi possível constatar que o risco de transmissão para o bebê é muito baixo, enquanto há o risco de comprometimento da placenta e seu funcionamento, incluindo problemas de oxigenação e desenvolvimento do órgão, especialmente em casos de infecção grave durante a gestação.
A pesquisa, chamada Rede Brasileira de Estudos em Covid-19 e Obstetrícia (Rebraco), teve início no primeiro ano da pandemia e contou com a coordenação dos professores Guilherme Cecatti, Renato Souza e Rodolfo Pacagnella. Até fevereiro de 2021, foram coletadas amostras de 729 mulheres atendidas em 15 maternidades de todo o país. Parte dos resultados já foi divulgada e aguarda aprovação de revistas científicas.
Além de examinar o impacto da Covid-19 nas gestantes em geral, o projeto também investigou os efeitos do vírus em grupos específicos, como gestantes obesas, hipertensas e diabéticas. O estudo também identificou uma relação entre fatores socioeconômicos, como etnia e nível de escolaridade, e o aumento do risco de morbidade e mortalidade materna. Mulheres não brancas e com menor escolaridade foram as mais afetadas pela infecção, especialmente em relação a alterações na pressão arterial.
A médica destaca que os estudos têm mostrado uma maior incidência de pré-eclâmpsia em mulheres com Covid-19. Essa condição, que envolve o aumento da pressão arterial e afeta diversos órgãos, ocorre na segunda metade da gestação. O estudo revelou que mulheres com Covid-19 e pré-eclâmpsia apresentam um desfecho ainda mais grave, com maior risco de parto prematuro e morbidade materna. Em casos graves, o diagnóstico diferencial entre essas condições torna-se desafiador, dificultando a decisão sobre o momento mais adequado para o parto.