Petrobras comercializa material como se fosse sucata e depois readquire
Aproximadamente 20% dos itens vendidos como não mais servíveis constam na lista de compra

Foto: Divulgação
A Petrobras estaria comercializando peças em utilização nas unidades como se fossem sucata, e pior, 9.800 itens que a estatal se desfez no mês de junho, 980 tem pedidos de compra emitidos e 1.162 permanecem em análise para serem comprados novamente.
A denúncia foi realizada pelo Sindipetro Unificado SP, que teve acesso de maneira exclusiva a dados internos da Petrobras através de uma fonte que preferiu não se identificar.
A entidade sindical cita como exemplo um caminhão, que em setembro, saiu carregado da Usina Termelétrica (UTE), Luiz Carlos Prestes, em Três Lagoas (MS). Pela quantia de R$ 9 mil, quem estava na sua boleia adquiriu como sucata uma variedade de materiais que até então integravam a parte do estoque da unidade, pertencente à Petrobras. Dentre os itens, destaca-se uma válvula de controle pneumática nova, embalada na caixa, com custo entre R$ 12 mil e R$ 15 mil.
Segundo informado pela fonte ao Sindipetro, o mau planejamento, lentidão, gestão de estoques centralizada e mudanças abruptas de projetos são alguns dos fatores que sobem os estoques da companhia.
Mudanças feitas nas políticas de investimento da estatal acarretaram em prejuízos bem maiores. Em 2010, a Petrobras encomendou oito cascos de plataformas ao estaleiro Rio Grande, da Ecovix, pela quantia de R$ 10 bilhões.
No ano de 2016, depois do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, a estatal optou pela transferência para Ásia a construção de nove plataformas, que já estavam em construção, dedicadas ao Campo de Lula, no pré-sal.
O Estaleiro Rio Grande foi obrigado a realizar a demissão de praticamente todos os 24 mil trabalhadores, sendo que foram comercializadas como sucatas aproximadamente 80 mil toneladas de estruturas de aço que seriam usadas na construção das plataformas P-71 e P-72.


