VAI MAIS TECIDO - tem marca que para ganhar biscoito diz que isso não é verdade, mas é sim. Se o seu volume corporal é o dobro ao de uma menina magra, é óbvio que a sua roupa terá o dobro de volume também. Consequentemente, mais tecido. E tecido custa caro, principalmente aqueles que são importados. Mas é óbvio que não é só o tecido que faz uma roupa encarecer, caso contrário, roupa de bebê não custaria tão caro também. MÃO DE OBRA - é um dos fatores que mais encarecem a roupa. Ainda não há mão de obra especializada plus size suficiente. Modelistas e piloteiras com essa expertise são raríssimas. Então, quem faz um bom trabalho de modelagem, pilotagem e costura costuma cobrar mais caro e isso também reflete no valor final do produto. É importante salientar que muitas faculdades e cursos técnicos ainda, para piorar, desestimulam alunos a desenvolverem projetos de moda plus size. Além de não aprenderem em sala, são desaconselhados a buscar conhecimento e aplicá-los em seus trabalhos acadêmicos. POUCA CONCORRÊNCIA - a alta demanda e a pouca oferta também elevam o valor dos produtos. Algumas marcas podem ter produções eficientes e produtos com custo de produção baixo, mas elevam o valor final, porque sabem que a cliente não encontrará peças similares no mercado. MODA AUTORAL - marcas pequenas compram em pouca quantidade de tecido e, com isso, não conseguem valores acessíveis. Uma espécie de cooperativa e compra em conjunto poderia diminuir esses valores, mas nosso mercado ainda é amador, repleto de vaidades e as pequenas marcas, embora talentosas e cheias de personalidade, não conseguem, ainda, pensar na possibilidade de se unirem com seus concorrentes para comprar matéria prima em conjunto. A produção pequena também custa mais caro. Quanto menos você produz, mais a pequena marca autoral paga. Sem possibilidade de investir mais, fica com um produto mais caro e esse preço deve ser repassado ao consumidor, afinal, ninguém trabalha de graça. Outro fator importante a se apresentar é que a moda autoral tem DNA, identidade e isso também tem valor. Você não paga o mesmo valor em um quadro de pintor famoso, que pagaria em um artesanato de reprodução em série. É isso o que diferencia a moda autoral, das lojas de departamento, por exemplo. E QUANDO A LOJA VENDE O MESMO PRODUTO PARA MAGRAS E GORDAS COM PREÇOS DIFERENTES? Isso não é ilegal, embora seja imoral. Essas reclamações surgem, quase sempre, sobre lojas de departamento. O que acontece, também, é que lojas de departamento não produzem suas próprias peças. Podem produzir roupas de magras em uma oficina, em maior tiragem, e para as gordas em outra, com menor, o que elavaria o valor. Uma saída para essas lojas seria somar o valor de todos os produtos similares, de gordas e magras, e dividir igualmente entre as peças. Assim, as clientes gordas não se sentiriam lesadas e o aumento na peça de magra seria irrisório. Algumas confecções que vendem para lojas multimarcas, criam 2 marcas distintas, uma para magra e outra para gordas, para não criar esse conflito. Não fazem produtos identicos e, com isso, diminuem esse desconforto na hora da comercialização dos produtos.                         Por Renata Poskus é jornalista, blogueira do Mulherão, criadora do Fashion Weekend Plus Size e da marca Maria Abacaxita. Instagram: @renataposkus