Preços dos alimentos devem continuar altos em 2022
Análise é do diretor-presidente da Cargill, David MacLennan

Foto: Getty Images
O diretor-presidente da Cargill, David MacLennan, afirmou nesta semana durante o Bloomberg New Economy Forum, em Singapura, que os preços dos alimentos devem permanecer elevados no próximo ano sob pressão dos gargalos da cadeia de suprimentos global. Ele, no entanto, destacou a escassez de mão de obra como um dos maiores riscos enfrentados pelo setor.
Na ocasião, MacLennan afirmou também que a competição por trabalhadores no sistema alimentar global está mais acirrada. As fábricas, segundo ele, não têm operado com capacidade total, o que limita o fornecimento de alimentos e abre espaço para mais aumentos de preço.
“Achei que a inflação em agricultura e alimentos fosse transitória. Mas agora o executivo tem menos certeza por causa da “contínua escassez no mercado de trabalho”, disse. Logo depois, ele afirmou que a mão de obra é um dos pontos que a empresa “observa com mais atenção”.
Os preços globais dos alimentos atingiram o maior nível em uma década em outubro, o que tende a elevar ainda mais as despesas das famílias e piorar a fome em diversos países. O mau tempo afetou as colheitas neste ano. Além disso, a crise de energia impulsionou os preços dos fertilizantes para agricultores no mundo todo.
A busca por combustíveis mais verdes para aviões e biodiesel também coloca os alimentos contra a produção de energia, o que encolhe a oferta de óleo comestível. Os preços do óleo de palma, o óleo vegetal mais consumido no mundo, acumulam alta de cerca de 50% nos últimos 12 meses, enquanto o óleo de soja subiu 60% no período. A tensão entre alimentos e combustíveis atingirá o maior nível dos últimos 15 anos, disse MacLennan.