Presença da covid-19 em esgotos revela deficiência no saneamento básico no Brasil
Segundo estudiosos, a deficiência no saneamento interfere na eficiência do monitoramento da doença

Foto: Agência Brasil
Com 48% das pessoas que vivem sem tratamento de água adequado no Brasil, a presença da covid-19 em esgotos do país, conforme revelou um estudo da Fiocruz e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA), mostra a deficiência no saneamento básico do Brasil.
Segundo estudiosos da área, a deficiência no saneamento básico no país influencia em um monitoramento menos eficaz sobre os casos do novo coronavírus. Em Belo Horizonte, a pesquisa mostrou que a subnotificação dos casos de covid-19 chegava a 20 vezes o número de casos oficiais.
Apesar de não haver qualquer indicação científica de que a covid-19 possa contaminar as pessoas pela água, o superintendente de Planejamento de Recursos Hídricos da ANA, Sérgio Ayrimoraes, explicou ao Uol que através dos estudos no esgotos, também é possível fazer o acompanhamento da circulação de doenças e identificar a regionalização do vírus.
"As estimativas [de contaminação] têm como base as cargas virais que são encontradas nas amostras de esgoto, registrando que nas últimas semanas em 100% das amostras coletadas nós temos a detecção da presença do novo coronavírus. É possível acompanhar também as tendências da circulação, da regionalização do vírus", disse Ayrimoraes.
Além disso, o superintendente apontou que as pessoas mais vulneráveis a se contaminar pelo vírus estão concentradas em áreas em que o saneamento básico é escasso. "Hoje, temos uma maior concentração do vírus e da população infectada em áreas que são mais vulneráveis socialmente".
Dados também revelam que a região Sudeste possui o índice mais elevado na questão do saneamento no Brasil, com 50,09%. Enquanto no Norte e Nordeste os índices são de 21,7% e 36,24%, respectivamente, o que deixa evidente uma desigualdade de acesso ao saneamento no Brasil.