Lava Jato: preso perito judicial que superfaturava laudos para Fetranspor
Ele recebeu ao menos R$ 4,9 milhões da Fetranspor em propina, diz investigadores

Foto: Reprodução / Pablo Jacob/O Globo
Foi preso nesta quinta-feira (5), pela Polícia Federal e procuradores do Ministério Público Federal (MPF), o perito judicial Charles Fonseca William, em uma nova fase da Lava Jato. Ele é acusado de, em troca de propina, fraudar laudos para favorecer empresas de ônibus e a outros clientes, superfaturando valores apurados em seus trabalhos no Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), entre outras manobras contábeis. A ação foi realizada no bairro de Icaraí, em Niterói.
De acordo com os investigadores, ele recebeu ao menos R$ 4,9 milhões da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor) entre 31 de maio de 2012 e 21 de maio de 2015.
A função do perito no Tribunal de Justiça é apresentar relatórios técnicos para que sejam usados como prova em processos judiciais.
Em um dos casos de indenizações superfaturadas, os investigadores citam um decreto do ex-governador Anthony Garotinho de 1999, que reduzia as tarifas de ônibus em 15%. Após a Justiça considerar o decreto inconstitucional, uma avalanche de processos de indenização movida pelas empresas cobrava a diferença de preço pelo tempo que vigorou a medida. Os empresários, então, vislumbraram uma oportunidade de superfaturar os pedidos contratando Charles para apresentar laudos muito acima do que deveria ser cobrado.
A operação desta quinta é baseada nas colaborações premiadas de Lélis Teixeira, ex-executivo da Fetranspor, de Marcelo Traça, ex-presidente o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio (Setrerj), e de Álvaro José Novis, operador do esquema de propina comandado pelo ex-governador Sérgio Cabral.


