Pronunciamento feito por Bolsonaro foi combinado com Mandetta

Ministro da Saúde deve se manifestar nesta quarta (25) em coletiva

[Pronunciamento feito por Bolsonaro foi combinado com Mandetta]

FOTO: Reprodução

O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro em cadeia nacional de rádio e televisão na última terça-feira (24) não foi realizada à revelia dos auxiliares. Apesar de Bolsonaro ter novamente se referido ao coronavírus como "histeria" e "gripezinha" no momento em que há um esforço coletivo e mundial para superar a doença, interlocutores de Henrique Mandetta afirmaram que o discurso foi previamente combinado com o ministro da Saúde.

Nos mais ou menos quatro minutos de pronunciamento, Bolsonaro criticou o que se referiu como "um cenário perfeito, potencializado pela mídia, para uma verdadeira histeria se espalhasse pelo nosso país", referindo-se às divulgações sobre a situação na Itália, que já chega a aproximadamente 7.000 mortes e quase 70.000 pessoas infectadas. O presidente ainda ressaltou que o país europeu apresenta um elevado número de idosos e um clima diferente do Brasil.

Bolsonaro também ressaltou a preocupação com a economia e defendeu que a população retorne normalmente as atividades. "Nossa vida tem que continuar, os empregos devem ser mantidos. O sustento das famílias deve ser preservado", afirmou. O presidente também retificou que o grupo de risco é de pessoas acima de 60 anos e questionou a decisão de governadores de fecharem escolas e comércios.

É esperada uma coletiva de imprensa do ministro da Saúde, Henrique Mandetta para esclarecer algumas questões expostas pelo presidente no pronunciamento.

Sobrecarga nos sistemas de saúde preocupou Mandetta

Antes mesmo de começarem a ser adotadas em todo o país as medias restritivas, como forma de diminuir a circulação de pessoas e frear a propagação do novo coronavírus, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse em audiência na Comissão Geral realizada na Câmara dos Deputados, dia 11 de março, que a preocupação era em uma possível sobrecarga nos sistemas de saúde público e privado e não com a letalidade do vírus, que é baixa.

“Você tem uma espiral de casos o que leva pessoas a procurarem unidades de saúde. Se o vírus não tem uma letalidade individual elevada, ele tem letalidade ao sistema de saúde. Quanto mais agudo o ângulo de crescimento, mais pessoas ao mesmo tempo acionam o sistema”, explicou. Neste sentido, as medidas adotadas tentam evitar essa "letalidade do sistema de saúde", que tem que continuar a atender à população de forma geral.

Na última sexta-feira (20), Mandetta falou que no final de abril o sistema poderia entrar em colapso e explicou o conceito: "Às vezes as pessoas confundem colapso com sistema caótico, sistemas críticos, onde se vê cenas de pessoas nas macas. O colapso é quando você pode ter o dinheiro, o plano de saúde, a ordem judicial, mas simplesmente não há o sistema para você entrar. É o que está vivenciando a Itália, um país de primeiro mundo atualmente". 

Segundo ele, para segurar o "colapso" é necessário "segurar a movimentação, para ver se consegue diminuir a transmissão". Sendo assim, Mandetta adiantou que impactos das medidas adotadas só poderiam ser medidos 28 dias depois, quando seria possível perceber os efeitos da quebra da cadeia de transmissão sustentável do vírus.


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