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Quadrilha utilizava disfarces e imagens geradas por IA para desviar benefícios sociais da Caixa em esquema com funcionários e fraudes digitais

Segundo a PF, propina passava de R$ 300 mil

Por Da Redação
Às

Quadrilha utilizava disfarces e imagens geradas por IA para desviar benefícios sociais da Caixa em esquema com funcionários e fraudes digitais

Foto: Reprodução/Fantástico

Um esquema criminoso conseguiu por pelo menos cinco anos driblar os sistemas de segurança da Caixa Econômica Federal e desviar valores de programas sociais voltados para a população de baixa renda. O caso foi divulgado no domingo (21) pelo Fantástico.

As investigações da Polícia Federal (PF) apontam que a fraude dependia diretamente da cooptação de funcionários do banco e de casas lotéricas, que recebiam propina para liberar acessos ao aplicativo Caixa Tem.

A PF identificou que o grupo não atuava de forma improvisada. Pelo contrário: estruturou uma rede complexa, que envolvia manipulação de dados, uso de tecnologia para gerar imagens falsas e até disfarces para enganar o reconhecimento facial. 

Os criminosos exploravam falhas técnicas, mas sobretudo a corrupção interna, considerada o ponto-chave para que os desvios fossem possíveis.

No centro da quadrilha estava Felipe Quaresma Couto, monitorado pela PF desde 2022 e preso na última quinta-feira (18), em um bar onde trabalhava. 

Segundo os investigadores, ele já praticava as fraudes desde 2020. Um de seus principais aliados era Cristiano Bloise de Carvalho, também detido. Outros quatro envolvidos permanecem foragidos.

O método consistia em apagar os registros digitais de beneficiários e recriá-los com novos dados de contato, e-mail, celular e fotografia, mantendo informações básicas, como nome, CPF e data de nascimento. Assim, a conta original era substituída por um cadastro controlado pela quadrilha, e o dinheiro era desviado diretamente.

A cooperação de empregados da Caixa foi fundamental. Em conversas interceptadas, Felipe mencionava horários específicos em que um gerente liberaria acessos, evidenciando o nível de envolvimento interno. Estima-se que um único funcionário tenha recebido mais de R\$ 300 mil em propina.

Inteligência artificial e disfarces

A investigação revelou ainda que os criminosos utilizavam imagens produzidas por inteligência artificial para tentar vencer as barreiras de reconhecimento facial. As fotos não precisavam corresponder a pessoas reais: bastava que fossem nítidas e de boa qualidade. 

Mensagens trocadas entre integrantes do grupo mostram que cadastros de pessoas mais jovens passavam com mais facilidade no sistema.

Além disso, a quadrilha usava seus próprios rostos, alterados por disfarces. Perucas, tintura de cabelo, maquiagens pesadas e até pintura da pele faziam parte do repertório para gerar novas selfies e evitar a repetição da biometria. Um dos criminosos chegou a comentar que faria a barba para “pintar a cara de novo” e assim criar outro perfil.

Outra frente de atuação envolvia a exploração da vulnerabilidade social. Pessoas em situação de rua eram abordadas para cederem imagens de seus rostos. Como nunca haviam sido registradas no sistema da Caixa, eram classificadas como “rostos virgens”, facilitando a criação de clientes falsos com dados verdadeiros roubados.

As fraudes afetaram diretamente famílias de baixa renda, que dependem de benefícios como Bolsa Família, FGTS e abono salarial. Sem acesso ao dinheiro, essas pessoas precisavam recorrer às agências bancárias, abrir contestação e aguardar o ressarcimento.

O que diz a Caixa

Em nota, a Caixa informou que colaborou com as investigações, denunciou e afastou os funcionários envolvidos. O banco afirmou que atualiza diariamente seus sistemas de segurança, em especial o reconhecimento facial, e que está em processo de criação de uma diretoria de cibersegurança voltada exclusivamente para prevenir e reprimir crimes digitais.

Segundo a instituição, os mecanismos de proteção passam por atualizações constantes e contam com troca de informações entre diferentes bancos para o aprimoramento conjunto do setor financeiro.

Prisões e próximos passos

Felipe Quaresma e Cristiano Carvalho foram transferidos para o Complexo de Bangu, no Rio de Janeiro. Eles responderão por estelionato qualificado, corrupção de funcionários públicos, inserção de dados falsos em sistema de informação e organização criminosa.

Nos celulares apreendidos, a PF encontrou dezenas de fotos que comprovam os disfarces usados para fraudar o reconhecimento facial. A polícia segue na busca pelos quatro integrantes foragidos e investiga se há outros funcionários do banco envolvidos na rede de corrupção.

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