Quadrilhas compras dados cadastrar de vítimas para aplicar golpes por telefone
Golpistas vendem listas com nome, endereço, telefone, CPF e até dados bancários das vítimas

Foto: Jornal Nacional/TV Globo
Quadrilhas encontraram um novo jeito para aplicar golpes pelo celular no Centro de São Paulo. A polícia passou a investigar a venda de dados de vítimas através de um programa de cadastro de clientes.
O Jornal Nacional de segunda-feira (1º) mostrou em uma reportagem um vendedor de eletrônicos que indicou o número de um golpista que vende dados cadastrais através do WhastAp. Ao entrarem em contato, o golpista oferece duas listas, uma com dados apenas de São Paulo, e outra com o país inteiro. "Brasil inteiro, para você ter ideia, cara, é uns 90 gigas, mano, minha lista", escreveu.
“A lista é bem atual e ela é bem completa, cara. Para você ter ideia, ela é pessoa física e jurídica, tá? Dá para você filtrar por nome masculino e feminino, por operadora, por CPF, CNPJ”, diz o golpista.
O homem ainda explica que o pacote inclui nome, endereço, telefone e CPF/CNPJ das vítimas. Ao ser questionado se ele tem acesso a dados bancários, o golpista informa que, em algumas listas, ele tem acesso a esse tipo de informação. "Eu tenho lista de benefício, tenho empréstimo consignado”, diz.
A equipe do Jornal Nacional interrompeu a conversa e não efetuou nenhum pagamento. A venda ilegal de dados também está em grupos de redes sociais. Uma pessoa que tem acesso a um desses grupos mostrou como funciona. Apenas com o número de telefone do produtor do JN, ele conseguiu o CPF. Com o documento, ele solicitou a pesquisa completa: em poucos segundos surge uma lista com várias informações como profissão, renda, endereços, nomes de parentes do produtor e até a informação de que ele não é beneficiário de programas sociais.
De acordo com o delegado da Polícia Civil de SP, Aldair Marques Correa Junior, os grupos criminosos usam aparelhos que alteram a identificação do número que aparece na tela para enganar a vítima. “Ele mascara a ligação para que apareça para a vítima como se fosse o número do gerente, que na verdade não é”, diz o delegado que reforçou a importância de sempre estar em alerta com supostas ligações de bancos.
“Não dá para acreditar quando o criminoso passa várias informações sobre as pessoas. Eles realmente obtêm essas informações através de vazamento de dados e, por isso, reforçar as medidas de cautela para não cair nesses golpes”, afirma o delegado.


