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Quase metade dos municípios do Brasil tem desenvolvimento baixo ou crítico, diz Firjan

De um total de 5.550 cidades avaliadas, 47,3% (2.625) registraram desenvolvimento socioeconômico baixo (2.376) ou crítico (249) em 2023

Por FolhaPress
Ás

Atualizado
Quase metade dos municípios do Brasil tem desenvolvimento baixo ou crítico, diz Firjan

Foto: Marcello Casal/Arquivo/Agência Brasil

Quase metade dos municípios brasileiros ainda apresentava nível baixo ou crítico de desenvolvimento socioeconômico em 2023, apesar do registro de avanços ao longo de uma década.

A conclusão é da nova edição do IFDM (Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal), divulgada nesta quinta-feira (8) pela Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).

De um total de 5.550 cidades avaliadas, 47,3% (2.625) registraram desenvolvimento socioeconômico baixo (2.376) ou crítico (249) em 2023, segundo os critérios da pesquisa. A Firjan afirma que 57 milhões de pessoas viviam nesses locais.

Os municípios com nível moderado de desenvolvimento foram 48,1% (2.669) em 2023, enquanto aqueles com patamar alto responderam por 4,6% do total (256).

Para o gerente de estudos econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, os resultados mostram que ainda há uma "discrepância regional muito significativa" no país.

"O que fica claro é que a gente tem um caminho longo para reduzir a desigualdade regional. Resolver essa questão não é simples", afirma.

O IFDM é construído a partir de dados oficiais de três áreas: emprego e renda, saúde e educação. A escala varia de 0 a 1 ponto.

Quanto mais próximo de 1 estiver o índice de uma cidade, melhor é o resultado. O nível de desenvolvimento de cada local varia de acordo com faixas –crítico (inferior a 0,4 ponto), baixo (entre 0,4 e 0,6), moderado (entre 0,6 e 0,8) e alto (acima de 0,8).

Em 2013, ano inicial da série histórica, os dados indicavam um cenário ainda mais complicado. À época, 77,4% dos municípios tinham desenvolvimento baixo (41,4%) ou crítico (36%).
Na média das cidades brasileiras, o IFDM alcançou a marca de 0,6067 em 2023, o que significa um nível moderado. O índice cresceu 29,8% em relação a 2013, quando estava em 0,4674 (baixo).

Apesar do avanço, a Firjan ressaltou que a desigualdade se manteve em diferentes recortes. Em 2023, por exemplo, Norte e Nordeste ainda tinham 87% dos municípios com desenvolvimento baixo ou crítico. Por outro lado, Sul, Sudeste e Centro-Oeste possuíam 80% das cidades com nível alto ou moderado.

Ao levar em conta o ritmo da última década, a Firjan calcula que os municípios com IFDM crítico em 2023 (0,3428) só atingiriam em 2046 a média daqueles com alto desenvolvimento (0,8288).

"Em outras palavras, os municípios menos desenvolvidos estão 23 anos atrasados em relação aos mais avançados. É como se eles estivessem tentando atravessar uma ponte ainda inacabada, enquanto os mais avançados já estão do outro lado há tempos", afirma a federação fluminense.

Ainda de acordo com o IFDM, em dez estados, mais da metade da população vivia em cidades com desenvolvimento baixo ou crítico em 2023. Todos os locais ficam no Norte ou no Nordeste.
São os casos de Amapá (100%), Maranhão (77,6%), Pará (72,4%), Bahia (70,5%), Piauí (65%), Sergipe (63,8%), Pernambuco (60,6%), Acre (56,1%), Paraíba (55,5%) e Rio Grande do Norte (52,8%).

A Firjan também sinaliza que os estados de São Paulo e Paraná concentraram os dez municípios com melhores resultados do país no IFDM de 2023.

A liderança ficou com a cidade paulista de Águas de São Pedro (0,8932), seguida por São Caetano do Sul (0,8882), na Grande São Paulo, e Curitiba (0,8855).

A outra ponta do ranking, que reúne os dez piores desempenhos, é ocupada por municípios da região Norte e do estado do Maranhão.

Ipixuna (0,1485), no interior do Amazonas, teve o menor índice da pesquisa em 2023. Jenipapo dos Vieiras (0,1583), no Maranhão, e Uiramutã (0,1621), em Roraima, também se destacam na parte inferior da lista.

O QUE O IFDM INVESTIGA

A série do IFDM passou por revisão metodológica, segundo a Firjan. Em emprego e renda, o índice analisa estatísticas relacionadas com absorção da mão de obra formal, PIB per capita, diversidade econômica, participação dos salários no PIB, percentual de desligamentos voluntários e taxa de pobreza.

Em saúde, o indicador olha para dados de pré-natal, gravidez na adolescência, internações sensíveis à atenção básica e por doenças relacionadas a saneamento inadequado, óbitos infantis evitáveis, cobertura vacinal e proporção de médicos disponíveis para cada mil habitantes.

Em educação, a pesquisa abrange informações sobre adequação da formação de professores, oferta de ensino em tempo integral, taxa de atendimento escolar a crianças de zero a três anos, taxa de abandono, distorção idade-série e números do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).

Segundo a Firjan, não foi possível calcular o IFDM de educação para 20 municípios devido à indisponibilidade de algumas estatísticas. Por isso, a pesquisa abrange um total de 5.550 cidades, em vez de 5.570.

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