Responsável por preparar o caminho que Jesus percorreria, São João recebe homenagens de devotos em Salvador

Depois das festividades em torno do "santo casamenteiro", como é conhecido Santo Antônio, é hora de dar espaço para São João, que dá continuidade às celebrações juninas. O santo é uma das referências no Nordeste, principalmente, porque traz em nome dele as festas, união entre as famílias, bebidas e comidas típicas. Porém, na Igreja Católica, João é um dos santos mais significativos, já que foi responsável por pavimentar o caminho pelo qual percorreria Jesus. 

De acordo com o Padre Grzegorz (Gregório) Trojan, pároco da única paróquia da Arquidiocese de Salvador dedicada ao santo, João Batista é conhecido como o precursor de Jesus. "Um dos cantos mais famosos de São João, como se fosse o hino dele é 'Viva João Batista. Viva o precursor' e esse trecho já diz tudo sobre a missão dele. Precursor é aquele que foi chamado para preparar o caminho do Senhor, preparar a vinda do Salvador. A importância dele é essa", explica o religioso ao Farol da Bahia.

E, ao contrário de muitos santos, principalmente dos atuais, João Batista não se tornou santo por causa de um milagre. Ele era seis meses mais velho que Jesus e filho de Isabel, que era prima de Maria. "A forma de proclamar um santo hoje é diferente daquela época. São João ele já era santificado. Primeiro, que ele foi escolhido por Deus de maneira direta. Segundo, ele era "primo" de Jesus e, em terceiro, tem a morte dele. Ele foi degolado na prisão. E sua santidade vem exatamente disso, ele dedicou sua vida ao Salvador", disse. 

A prisão e morte do religioso ocorreu a pedido da filha de Herodes (espécie de rei da região), Salomé, que disse querer a cabeça de São João em uma bandeja. A solicitação foi feita após Batista denunciar a infidelidade do rei. "São João dizia que o rei não podia ficar com a esposa do irmão", explica o padre. 

Celebração da vida pós-morte

Ao contrário do que ocorre com muitos santos, a data oficial de celebração de João Batista escolhida foi a do seu nascimento, assim como a de Cristo, e não morte. Sua morte teria acontecido em 29 de agosto do ano 29, mas celebramos o santo no dia 24 de junho, que é a do seu nascimento. Ele é um dos poucos religiosos que contam com duas datas litúrgicas. 

"Nós celebramos no dia 24 de junho o nascimento de São João e, no dia 29 de agosto, o seu martírio. São duas datas, assim como celebramos o nascimento de Jesus, no dia 25 de dezembro, e a sua morte na Páscoa. De modo geral, a igreja escolhe a data de morte como a oficial porque para nós [católicos romanos], a morte é o nascimento para outra vida, por isso se escolhe a data de morte, é quando começa a vida eterna", pontuou. 

Fogueira e São João

"A fogueira está queimando em homenagem a São João", esse é um trecho da música "São João na Roça", do eterno Luiz Gonzaga, que muita gente não sabe, mas explica o sentido da relação de João Batista com as famosas fogueiras que são montadas em sua homenagem. De acordo com o padre Trojan, o fogo era uma das principais formas de comunicação da época em que João nasceu e, para anunciar à sua vinda ao mundo, Isabel teria feito e acendido uma fogueira para avisar a Maria que estava prestes a parir.

"Hoje nós nos comunicamos por telefone e outros meios de comunicação ligados à tecnologia, mas na época de João e de Jesus não existia nada disso. Então, dizem as tradições que um dos meios que se usavam era o fogo. E os pais de João, Zacarias e Isabel, escolheram essa forma para avisar sobre o nascimento do filho e por isso que se acendeu o fogo", afirma o pároco. 

João Batista recebe homenagens em Salvador

No dia dedicado ao santo, 24 de junho, haverá Missas às 10h (pelos devotos), sob a presidência do Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil, Cardeal Dom Sergio da Rocha; às 16h (pelos enfermos), presidida pelo padre Adilton Pinto Lopes; e às 19h, celebrada pelo cônego Jair Arlêgo Carvalho Júnior.

A Paróquia São João Batista está localizada na Avenida Vasco da Gama, em Salvador.