Salvador: aniversário sem festa 

O cenário é improvável: Salvador sem festa no aniversário da cidade. É tão improvável, mas real, quanto à disseminação voraz da Covid-19 (novo coronavírus) em pleno século 21, um fator que indiscutivelmente desmotivou diversas comemorações e adiou o Festival da Cidade, que celebraria, hoje, 29 de março, os 471 anos da primeira capital do Brasil.

Num momento em que o isolamento social (ou quarentena) é a ferramenta ainda mais funcional contra a proliferação exponencial da doença, é óbvio que a realização de um evento cultural proporcionaria uma aglomeração surreal em tempos de Covid-19. 

De acordo com o último boletim da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), Salvador tem 127 casos confirmados de Covid-19 (até 17h de sábado, 28). A pasta revela que existem casos curados, outros  ainda hospitalizados e um óbito. As investigações de casos, assim como o contágio, são dinâmicos e é bem provável que estes índices sofram transformações significativas nos próximos dias. 

Neste panorama, mais um ano de existência de Salvador é irrisório diante da preocupação do soteropolitano em encarar – e se prevenir – de uma doença silenciosa ainda sem tratamento ou vacina.

É um ritmo tão ímpar que até mesmo alguns líderes baianos, como o prefeito ACM Neto e o governo do Estado, Rui Costa, não raramente batem cabeça para alçar medidas preventivas eficazes ao combate ou, então, lidar com pressões externas no que diz respeito ao que fazer para evitar que a pandemia encontre terreno propício em Salvador ou na Bahia como um todo. 

Serenidade, seriedade e sensibilidade são bons acenos, contidos e silenciosos, a mais um ano de existência e prosperidade de Salvador, algo que pode ser comemorado à diante, quanto tudo isso terminar. E aí, sim, explodir em alegria, música e axé, como a capital baiana faz como ninguém.