Seletividade alimentar infantil preocupa pais; veja dicas estratégicas de especialista!
Aos detalhes.

Foto: Div
A seletividade alimentar infantil tem se tornado uma preocupação crescente entre pais e especialistas. O comportamento, caracterizado pela recusa frequente de determinados alimentos ou pela aceitação de um cardápio muito restrito, é comum principalmente entre os 2 e 6 anos de idade. Embora muitas vezes seja apenas uma fase do desenvolvimento, casos mais persistentes podem trazer consequências sérias para o crescimento e o bem-estar da criança.
Segundo pesquisas, a prevalência de dificuldades alimentares em crianças varia de 20% a 60%. Apesar de poder ocorrer também com adolescentes e adultos, a faixa etária é um fator preponderante: lactentes e pré-escolares apresentam maior risco, sobretudo entre 4 e 24 meses, período em que até metade das crianças pode manifestar comportamentos seletivos. Essas dificuldades repercutem diretamente no consumo de frutas, legumes e verduras, o que pode resultar em baixa ingestão de micronutrientes essenciais e, consequentemente, impactar o crescimento, o peso e até o índice de massa corporal (IMC).
Além dos impactos nutricionais, a seletividade alimentar também gera efeitos no ambiente familiar e escolar. Pais relatam ansiedade e estresse durante as refeições, que deixam de ser momentos de convivência para se tornarem ocasiões de frustração e discussão. Em sala de aula, professores podem perceber sinais de alerta, como crianças que evitam o lanche coletivo, apresentam desconforto ou até mesmo crises diante da oferta de novos alimentos. Esses sinais, quando persistentes, indicam que pode ser hora de buscar orientação profissional. A fonoaudióloga Joseane Bouzon, da Clínica Day Fono, explica que é importante diferenciar uma fase natural da infância de um quadro que necessita intervenção. “É esperado que a criança apresente períodos de maior resistência a determinados alimentos, mas quando a recusa é persistente, restrita a poucos itens, acompanhada de perda de peso, estagnação no crescimento ou sofrimento emocional, é fundamental procurar ajuda especializada. Em alguns casos, há ainda alterações sensoriais e motoras que dificultam a mastigação e a aceitação de novas texturas, o que requer avaliação fonoaudiológica”, orienta.
Estudos indicam que até 30% das crianças com desenvolvimento típico podem apresentar seletividade, e esse índice pode chegar a 80% entre aquelas com transtornos do neurodesenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Entre as estratégias mais recomendadas estão a exposição repetida e sem pressão a diferentes alimentos, a participação da criança no preparo das refeições e a criação de um ambiente positivo à mesa. Joseane Bouzon reforça que forçar a ingestão tende a aumentar a resistência e gerar ainda mais aversão. A ludicidade, a paciência e o exemplo familiar são ferramentas importantes para ampliar gradativamente o repertório alimentar.
Em situações mais graves, quando a seletividade alimentar compromete o desenvolvimento físico, causa perda de peso ou deficiências nutricionais importantes, o acompanhamento multidisciplinar torna-se indispensável. Profissionais especializados podem trabalhar em conjunto para oferecer uma abordagem ampla e eficaz, assegurando que a criança supere as dificuldades e alcance um crescimento saudável.