Superbactérias já matam mais de um milhão de pessoas por ano em todo o mundo, aponta OMS
Medicamentos ineficazes e falta de desenvolvimento de novas drogas agravam o problema

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Superbactérias resistentes a medicamentos tradicionais já matam mais de um milhão de pessoas por ano. Os dados, divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), através do seu relatório “Incentivando o Desenvolvimento de Novos Tratamentos Antibacterianos 2023”, preocupa especialistas ao redor do mundo.
O número representa um salto em relação à conta anterior. Em 2016, estudo do economista britânico Jim O'Neill estimou em 700 mil os mortos anuais por infecções bacterianas. Já a perspectiva para o futuro também não é muito animadora. De acordo com estimativas, 10 milhões de pessoas devem morrer por ano até 2050 por conta do problema.
O micro-organismo é capaz de causar diversas complicações à saúde, como pneumonia e infecção urinária, além de efeitos que vão de taquicardia, febre e inchaço até a falência múltipla dos órgãos.
Falta de investimentos
Segundo a OMS, o número de pesquisas de novos antibióticos é “insuficiente” diante da crescente propagação da resistência antibacteriana. Hoje em dia, a maioria dos antibióticos disponíveis nas farmácias são variações de medicamentos desenvolvidos ainda na década de 1980.
“Apenas 77 novos tratamentos estão em desenvolvimento clínico [no mundo], a maioria é derivada das classes de antibióticos já existentes (...) e é improvável que cheguem ao mercado”, diz o relatório da OMS.
Ainda segundo a entidade, como as bactérias se tornam resistentes cada vez mais cedo, os medicamentos criados ficam obsoletos muito rapidamente, fazendo com que a indústria farmacêutica não tenha interesse em investir tanto tempo e dinheiro na criação de novas drogas.
"Não existe mercado viável para novos antibióticos. O retorno financeiro não cobre os custos do seu desenvolvimento, produção e distribuição", diz o relatório. "Como resultado, as principais empresas farmacêuticas recuaram no desenvolvimento de antibióticos”, explica o relatório.
Para resolver o problema, a OMS diz que uma das poucas soluções é o setor público começar a financiar novas pesquisas, fazendo com que remédios eficazes estejam à disposição da população.
Mutação é a principal causa
Os profissionais de saúde devem prescrever a quantidade adequada de antibióticos pelo período necessário para erradicar todas as bactérias no organismo do paciente enfermo. Uma prescrição inadequada resulta na eliminação apenas das bactérias mais suscetíveis, enquanto as que sobrevivem através da seleção natural desenvolvem uma maior resistência quando expostas novamente ao medicamento.
Por este motivo, especialistas destacam a importância de se evitar a automedicação e de sempre procurar um especialista caso esteja enfrentando qualquer problema de saúde.