Surto de gripe alerta para diferenças entre sintomas de doenças respiratórias
Especialista explica especificidades da Covid-19, gripe e sinusite

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Nas últimas semanas, algumas cidades brasileiras registraram um grande aumento de casos de gripe. Em meio à pandemia do novo coronavírus e ao temor acerca da nova variante Ômicron, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, por exemplo, passam por um surto do vírus Influenza. Neste momento, especialistas apontam que é importante que as pessoas saibam diferenciar os sintomas dessas doenças. Isso porque os postos de saúde já começaram a ficar sobrecarregados.
A situação inesperada, que já é tratada por algumas autoridades de saúde como uma epidemia, ocorre no momento em que as hospitalizações e as mortes por Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, estão em baixa. Especialistas apontam que a baixa taxa de vacinação contra a gripe e o relaxamento das medidas restritivas ajudam a entender esse cenário. No Brasil, o surto de gripe ligou o alerta vermelho para as transmissões dos vírus respiratórios. Com o objetivo de ajudar na identificação correta dos sintomas em meio a pandemia, o infectologista Ricardo Paul Kosop, que também é membro da plataforma Doctoralia, esclareceu as diferenças entre as síndromes respiratórias mais comuns.
Em relação à semelhança dos sintomas da Covid-19, gripe e sinusite: “Como os sintomas são muito semelhantes, ou seja, todos podem se manifestar como tosse, coriza e, às vezes, até febre, entre outras ocorrências respiratórias, clinicamente é muito difícil fazer a diferenciação entre uma simples rinossinusite alérgica exacerbada e um quadro de gripe pelo vírus influenza ou até mesmo da Covid-19. Alguns sintomas podem ser típicos e auxiliam na diferenciação, como no caso da rinite alérgica, que é subitamente descompensada pela exposição a algum fator que o paciente seja alérgico. Isso, no entanto, não garante completamente o diagnóstico”, disse o especialista.
“E, como estamos em uma pandemia, todo e qualquer sintoma respiratório dito ‘novo’ deve ser investigado para confirmar ou negar o diagnóstico da Covid-19, já que este é o vírus com maior circulação no momento e tem grande impacto coletivo. Sendo assim, o teste ajuda tanto no diagnóstico e tratamento do paciente”, completou Paul Kosop.
Gripe e tratamento
De acordo com o infectologista Ricardo Paul Kosop, a gripe, ou "síndrome gripal", é o conjunto de sinais e sintomas típicos de uma infecção das vias aéreas superiores, com tosse, coriza, dor de garganta, obstrução nasal, podendo haver febre, e que se inicia em poucas horas ou dias, durando em média 5 a 7 dias. “Normalmente, é causada por vírus de transmissão respiratória, através da fala, tosse, espirros, secreção nasal e contato direto entre as mãos contaminadas e o nariz, boca ou olhos, assim como o Sars-Cov-2. Na síndrome gripal, o tratamento normalmente é feito com medicações sintomáticas como antigripais, analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios”, disse o especialista.
“Uma medida importante também é garantir a vacinação anual contra Influenza, que é o vírus causador da gripe e que pode levar a quadros mais graves em pacientes dos grupos de risco ou com doenças crônicas. Lembrando que a síndrome gripal também pode ser causada por outros vírus respiratórios, de forma que não necessariamente quem está vacinado não possa pegar uma ‘gripe mais leve’. Por isso, as demais medidas de controle e prevenção devem ser sempre seguidas”, concluiu Paul Kosop.