TCU investiga consultoria que empregou Moro e sugere bloquear pagamentos

Ministro do TCU, Bruno Dantas, vê “conflito de interesses”

Por Da Redação
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TCU investiga consultoria que empregou Moro e sugere bloquear pagamentos

Foto: Agência Brasil

O ministro Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, publicou um despacho em que questiona a legalidade de contrato firmado entre a consultoria Alvarez & Marsal e o ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça, Sergio Moro. O documento, assinado na última quarta-feira (24), solicita que a empresa e o juiz esclareçam, no prazo de 48 horas, se “o contrato se trataria da ‘compra’ de informações privilegiadas obtidas pelo então magistrado” para que seja avaliado o bloqueio de pagamentos à consultoria.

Dantas também solicitou à Alvarez & Marsal informações sobre o valor da remuneração paga a Moro. Na ocasião, ele levanta a possibilidade de o ex-juiz ter tido acesso a informações sigilosas do funcionamento da Odebrecht e de se beneficiar por “ter contribuído para a situação de insolvência da empresa”. “Soa deveras conflitante que, após ser investida na condição de administradora judicial das empresas do grupo Odebrecht, em junho de 2019, a Alvarez & Marsal tenha incorporado ao seu quadro societário, em novembro de 2020, o ex-juiz Sergio Moro”, escreveu o ministro.

“Além de possuir informações privilegiadas sobre o funcionamento das empresas do grupo Odebrecht, o então juiz teria tomado decisões judiciais e orientado as condições de celebração de acordos de leniência, o que naturalmente contribuiu para a situação econômico-financeira da empresa da qual resultou o processo de recuperação judicial”, completou Dantas.

O ministro do TCU citou ainda as supostas mensagens reveladas pela operação Spoofing em que Moro teria orientado a forma de atuação de procuradores do Ministério Público Federal ( MPF) com a Odebrecht. “Mensagens tornadas públicas recentemente apontam para o fato de que o ex-juiz teria orientado a forma de atuação de procuradores do MPF nas denúncias e ações contra a empresa”, disse.

Dantas afirmou que, com a medida, a Alvarez & Marsal poderá demonstrar “todo o cuidado” que teve ao contratar Moro, esclarecendo inclusive se isso foi feito por meio de uma agência de headhunter.

Moro assumiu cargo na consultoria norte-americana em dezembro, para atuar na área de “disputas e investigações”. A empresa tem quase R$ 26 milhões a receber de alvos da operação Lava Jato, como a Odebrecht.

O ofício assinado pelo ministro do TCU responde a um pedido do subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU), Lucas Rocha Furtado, que solicitou ao Tribunal a suspensão de qualquer pagamento à empresa Alvarez & Marsal referente à recuperação judicial da Odebrecht, até que o tribunal avalie o papel de Moro no agravamento da situação econômica da empreiteira.


 

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