Terras protegidas da Amazônia estão à venda no Facebook, aponta investigação da BBC
A comercialização de terras ou unidades de conservação é proibido por lei

Foto: Reprodução/ BBC
De acordo com uma investigação da BBC, foi encontrada uma plataforma com anúncios sobre negociações de pedaços da Floresta Amazônica ou áreas recém-desmatadas, por valores que chegam à casa dos milhões de reais. Há áreas à venda até mesmo dentro de unidades de conservação e de terras indígenas.
A comercialização de terras ou unidades de conservação é proibido por lei, uma vez que são áreas de domínio público que se destinam exclusivamente a populações tradicionais.
A investigação deu origem ao documentário Amazônia à venda: o mercado ilegal de áreas protegidas no Facebook, disponível a partir de meio-dia desta sexta-feira (26) no canal da BBC News Brasil no YouTube e transmitido mundialmente pela BBC.
Atualmente, só áreas públicas desmatadas até 2014 são passíveis de regularização, mas a bancada ruralista e o governo federal articulam um Projeto de Lei que prorrogaria o prazo.
A investigação também mostrou estratégias que os vendedores usam para driblar a fiscalização e evitar multas, como dificultar o acesso aos terrenos grilados e manter documentos em nome de terceiros. O uso do Facebook, uma plataforma pública, para a venda de áreas de floresta revela ainda a sensação de impunidade expressa pelos entrevistados na investigação.
Os anúncios estão na seção "Venda de imóveis residenciais" do MarketPlace, espaço do Facebook aberto a todos os usuários.
O alcance irrestrito dos anúncios na plataforma ameaça agravar o desmatamento na Amazônia, em alta desde a posse do presidente Jair Bolsonaro, em 2019. Entre agosto de 2019 e julho de 2020, o bioma perdeu 11.088 quilômetros quadrados, o maior índice desde 2008.
De acordo com a BCC, o Facebook afirmou em nota que, usuários têm de seguir as leis ao fazer negócios pela plataforma e que está à disposição das autoridades para tratar das questões levantadas pela investigação.


