Aras diz que inquérito do STJ contra Lava-Jato é "preocupante" e anuncia que vai recorrer à Justiça
Procurador-geral da República afirma que iniciativa do STJ pode atingir todos os membros do MP

Foto: Agência Brasil
O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou nesta sexta-feira (26), durante uma sessão do Conselho Superior do Ministério Público Federal, que o inquérito aberto pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para investigar procuradores da Lava-Jato é "extremamente grave e preocupante", por não atender aos requisitos legais. Na ocasião, Aras disse ainda que irá recorrer à Justiça para tentar barrar a investigação.
O assunto provocou um momento de união entre todos os integrantes do conselho, que já haviam solicitado a Aras que tomasse providências sobre o assunto. A investigação aberta de ofício pelo presidente do STJ, Humberto Martins, será conduzida pelo próprio presidente da Corte, nos mesmos moldes do inquérito das fake news, aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com Aras, a Lei Complementar 75 de 1993 estabelece que um membro do MP só pode ser investigado por outro membro do MP e que, no caso do inquérito das fake news, não há nenhum procurador investigado.
“Ontem recebi intimação do eminente presidente do Superior Tribunal de Justiça, dando conta de condutas atribuíveis a distintos membros do Ministério Público Federal: subprocuradores-gerais da República, procuradores regionais da república e procuradores da república estariam ou estarão sendo investigados no âmbito do inquérito aberto, de número inquérito 58 do STJ. Ou seja, este é um assunto extremamente grave e preocupante. Não se trata somente de investigar membros do MPF no que toca à chamada força-tarefa da Lava-Jato. Trata-se de um expediente que pode atingir todos os tribunais brasileiros no que toca a todos os membros do Ministério Público brasileiro”, disse.
Além disso, Aras citou que o inquérito do STJ pode abrir a possibilidade de "cada tribunal de justiça, cada tribunal regional federal, cada tribunal regional do trabalho e eventualmente cada tribunal regional eleitoral, valendo-se por remissão e analogia" criar um expediente semelhante para investigar membros do Ministério Público, o que criaria obstáculos para a atuação livre da instituição.
Embora tenha mantido uma relação conflituosa com as forças-tarefas da Lava-Jato, é a primeira vez que Aras sai em defesa dos procuradores do caso, mas desta vez por entender que a iniciativa abriria um precedente para atingir toda a instituição. “O procurador-geral da república pretende defender, se for o caso, até na corte internacional a higidez do sistema de Justiça brasileiro no que toca ao sistema penal. Nós envidaremos todos os esforços para preservar o sistema em que o Ministério Público acusa, o juiz julga, a polícia investiga, sem prejuízo das nossas investigações”, afirmou.


