Testemunhas do Carrefour apontam Beto como criador de confusões

Defesa da vítima diz que depoimentos tentam justificar o homicídio

[Testemunhas do Carrefour apontam Beto como criador de confusões ]

FOTO: Reprodução

Os depoimentos prestados entre terça feira (24) e quarta feita ( 25), foram questionados pela defesa da família e da companheira de João Alberto Freitas, morto por seguranças em decorrência de agressões cometidas no estacionamento da loja Carrefour em Porto Alegre.

De acordo com os advogados, os relatos seriam colocados como forma de justificativa para o homicídio. João Alberto Silveira Freitas, 40 anos , foi morto após ser espancado por dois seguranças — Magno Braz Borges, 30, e o policial militar temporário Giovane Gaspar da Silva, 24, na última dia 19 de novembro.

À polícia testemunhas relataram que Beto tinha costume de criar confusões e andava aparentemente embriagado. Em depoimento, elas disseram ainda que ele teria importunado um grupo de clientes e estava andando descalço dentro do supermercado. Além disso, a vítima também provocava seguranças na ocasião.     

Quatro pessoas prestaram depoimento, um cliente e três funcionários da rede de mercados e relataram o comportamento de Beto e a importunação a outras pessoas. Esse episódio anterior à morte dele já era comentado nos corredores da unidade do Carrefour, a tal ponto de duas funcionárias relatarem à polícia terem "ouvido falar" disso por colegas, sem, de fato, presenciar.

Na última terça-feira (24), a polícia prendeu mais uma pessoa pelo crime, a agente de fiscalização do Carrefour Adriana Alves Dutra, 51 anos. Após saber da morte de Beto, o cliente importunado por ele procurou a polícia. O homem, que teve a identidade preservada, contou que foi ao hipermercado comprar um celular para si e um presente à neta, acompanhado por familiares.

O cliente foi abordado por João Alberto, que "se aproximou por trás e, sem que fosse percebido, envolveu seu pescoço em um dos braços", conforme trecho do depoimento. Beto teria falado alguma coisa que o cliente não entendeu direito, que "acredita que tenha sido 'vende um celular para esse cara que ele é um dos nossos'", complementou a testemunha.

Na sequência, Beto teria colocado a mão no bolso traseiro do cliente, no qual estava a carteira dele. "Motivo pelo qual reagiu desferindo um empurrão em João Alberto, pedindo que se afastasse", segundo depoimento. Logo após, Beto tentou mexer nos óculos de grau do genro do cliente que "reagiu cerrando e erguendo os punhos, alertando João Alberto que se desse continuidade ao seu ato o agrediria".

O advogado do pai de Beto, Rafael Peter Fernandes, observa que já teve acesso a "informações de questões anteriores", que ainda estão sendo apuradas pela polícia. Sobre as confusões relatadas em depoimentos, afirma que isso "não tem nada a ver com o fato que aconteceu.

Novo incidente

Quatro dias antes de Beto ser morto, houve outro incidente. Apenas um fiscal de loja relatou a situação. O funcionário relatou que em 15 de novembro Beto "esteve no supermercado bastante alterado, especificando estar supostamente embriagado. Recorda-se que a vítima chegou a andar descalço no estabelecimento. Além disso, ele fazia gestos de arma de fogo com a mão, forçando o abraço em outros clientes", conforme depoimento. A partir daí, um segurança do mercado passou a acompanhar Beto, que foi em direção à esteira rolante e foi embora.
 


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