Transplantes tem queda de mais de 30% durante pandemia

Dados foram divulgados pela ABTO

[Transplantes tem queda de mais de 30% durante pandemia]

FOTO: Reprodução/Internet

O número de transplantes registrado em abril de 2020 é 34% menor do que no mesmo período do ano passado. Foram 410 transplantes realizados em abril deste ano ante 617 em 2019. Os números são da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos) que relaciona a queda à pandemia do coronavírus. “Com certeza a mortalidade na fila (de espera por transplantes) também já aumentou”, disse o presidente da ABTO, Hoygens Garcia. 

Segundo ele, o medo de pacientes e doadores de se contaminarem, a falta de leitos específicos em UTIs (já que a maior parte está reservada para pacientes com coronavírus), a dificuldade de acesso às famílias de possíveis doadores, a suspensão de vôos comerciais para transportar órgãos e até redução do número de mortes por trauma encefálico devido à queda do número de acidentes durante a quarentena colaboram para a diminuição dos transplantes.

 

De acordo com os médicos especializados em transplantes, o principal motivo é o medo dos pacientes receptores de se contaminarem nos hospitais. É o caso do advogado Carlos Alberto Melo Pereira, 69 anos, que mora em Natal (RN) e está em quarto lugar na fila para receber um transplante de fígado. Ele aguarda o órgão há um ano prefere ficar em casa, em segurança, do que se arriscar a uma viagem até Fortaleza, onde deve fazer o transplante.

“É um conflito interno total porque antes eu estava longe e agora que estou tão perto me sinto ainda mais longe”, disse ele. “Tenho condições de ir até Fortaleza mas para que vou sair da segurança da minha casa? Tenho muito medo. No caminho (de 10 horas) vou ter que parar para abastecer, me comunicar com as pessoas na estrada. E se a minha esposa pega (covid)? Aí ela não vai poder cuidar de mim e eu não vou poder cuidar dela”, lamentou.

“Este é um legado que a covid nos trouxe. Em termos de resultados vai trazer bons frutos. Depois que a pandemia passar podemos continuar aplicando a telemedicina em várias situações com muitos impactos positivos, inclusive a redução dos custos”, diz o pneumologista José Eduardo Afonso Júnior, coordenador médico do programa de transplantes do Einstein. O Brasil é um dos países que mais realizam transplantes no mundo, cerca de 30 mil por ano, sendo que a maioria é de rins (6,3 mil) e fígado (2,2 mil).


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