Trump pressiona Israel para acelerar suas operações militares em Gaza, diz site
Segundo o site americano Axios, Trump não se opõe ao controverso plano de Binyamin Netanyahu para ocupar a Cidade de Gaza

Foto: Michael Vadon/Wikimedia Commons
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou em reunião nesta quarta-feira (27) que está pressionando Israel para que acelere suas operações militares na Faixa de Gaza de modo que a guerra possa terminar o quanto antes. Participaram do encontro, entre outras autoridades, o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair e Jared Kushner, ex-enviado do republicano para o Oriente Médio e seu genro.
Segundo o site americano Axios, Trump não se opõe ao controverso plano de Binyamin Netanyahu para ocupar a Cidade de Gaza, o maior centro urbano do território palestino. Ao mesmo tempo, o presidente fez críticas aos desdobramentos do conflito, que completará dois anos no próximo dia 7 de outubro.
"Não consigo mais assistir [a guerra entre Israel e Hamas]. É uma coisa terrível", disse Trump a integrantes de sua equipe, segundo uma autoridade mencionada pelo Axios. O presidente, assim, teria exigido ao governo israelense que as operações sejam concluídas rapidamente, embora sem estabelecer um prazo.
Segundo um funcionário da Casa Branca mencionado pela Reuters, as autoridades trataram nesta quarta de diversos aspectos do conflito, incluindo a ampliação do envio de ajuda alimentar, a crise dos reféns ainda mantidos em Gaza e os planos para o pós-guerra, entre outras medidas. O funcionário descreveu a sessão como "uma reunião de políticas", do tipo que Trump e sua equipe fazem com frequência.
Kushner, que desempenhou papel central nas negociações do Oriente Médio durante o primeiro mandato de Trump, foi consultado sobre a situação do atual conflito, enquanto Blair, lembrado por sua atuação na guerra do Iraque, em 2003, também tem se mantido ativo em questões da região.
Antes da reunião, o enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, disse em entrevista ao canal Fox News que o governo americano prepara um plano "muito abrangente para o 'dia seguinte' em Gaza", que refletiria, nas palavras dele, as "motivações humanitárias" do presidente.
A pressão feita por Trump para que Israel acelere as operações em Gaza destoa de medidas adotadas por seu antecessor na Casa Branca, Joe Biden. O democrata falou em condicionar o apoio a Tel Aviv a uma mudança de postura do aliado e chegou a cobrar um cessar-fogo imediato para estabilizar a região, proteger civis e conter a crise humanitária.
Durante a campanha eleitoral do ano passado, Trump prometeu encerrar a guerra em Gaza de forma rápida. Sete meses após o início de seu segundo mandato, no entanto, nenhuma solução foi alcançada.
O segundo mandato do republicano começou com um cessar-fogo de dois meses em Gaza, interrompido em março por ataques israelenses. Mais recentemente, imagens de palestinos em situação de fome extrema causaram comoção e ampliaram as críticas a Israel devido às condições trágicas em Gaza.
Enquanto isso, a crise humanitária se intensifica no território. Tanques israelenses avançaram nesta quarta sobre o bairro de Ebad-Alrahman, na Cidade de Gaza, destruindo casas e levando moradores a fugir.
Israel aprovou um plano para tomar o local, que descreve como o último bastião do Hamas, apesar de o governo já ter afirmado que o grupo terrorista não existe mais como força militar no território. Cerca de metade dos dois milhões de habitantes de Gaza vive atualmente na cidade, e Israel afirmou que eles terão de se deslocar.
Pelo menos por ora, a possibilidade de uma trégua na região parece distante. Questionado sobre os planos para a criação de um Estado palestino, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, afirmou nesta quarta que essa possibilidade está descartada.