Turistas reclamam dos táxis de Salvador

E Iphan nega saber de homenagem anunciada por Geraldo Jr.

[Turistas reclamam dos táxis de Salvador]

No mesmo dia em que o presidente da câmara, Geraldo Jr., anunciou que deseja dar o título de “Patrimônio Imaterial da Cidade” aos taxistas de Salvador, o Farol da Bahia recebeu denúncia de turistas sobre o péssimo atendimento dados por estes profissionais no aeroporto de Salvador. A turista Alessandra Silva, vinda de Curitiba, desembarcou no Aeroporto de Salvador ontem a tarde e tentou embarcar em um táxi se aproximando de uma fila onde contavam mais de 20 veículos. A turista avisou que gostaria de pagar a corrida no cartão de débito, uma vez que, segundo ela relatou, não tem hábito de usar “dinheiro vivo” e por estar acostumada a viajar para as mais diversas capitas do país, acreditou ser “absolutamente normal” os taxistas aceitarem cartões de débito, uma vez que, na grande maioria das cidades, este chega a ser um dos critérios para que o profissional possa usar o ponto do aeroporto. Não foi a surpresa da viajante que, nenhum dos mais de 20 táxis parados – como pode ser visto no vídeo enviado por ela - as 14: 40 da tarde de ontem, 17, aceitou leva-la até o Caminho das Árvores em uma corrida que, ainda segundo ela e verificado pelo Farol da Bahia, custa em torno de R$70 reais. Indignada por não ser atendida, a turista saiu revoltada e foi obrigada, por não ter outra opção, uma vez que sempre preferiu privilegiar os taxistas aos motoristas de outros aplicativos, a usar os serviços dos “Táxis de Cooperativa”. 

Mais uma surpresa: o valor do tal Táxi de Cooperativa é 40% mais caro do que o chamado de “táxi normal”. Questionando o motorista, a turista descobriu que o valor é designado por uma tabela (vide imagem da tabela que a passageira tirou dentro do carro) do diário oficial onde consta o preço fixo das viagens. Uma corrida, que pelo Uber sai por R$48, pelo táxi normal sai em torno de R$70, no tal táxi de cooperativa o custo foi de R$109 reais!
Na semana passada em imbróglio na Câmara dos Vereadores, os taxistas pleiteavam a organização dos veículos de aplicativos argumentando que estes acabavam “roubando” clientes e atrapalhando o trabalho de uma das profissões que mais atende cidadãos no Brasil. 

Iphan e Fundação Gregório de Mattos não receberam pedido nenhum de título

Diante do depoimento da turista, de que os táxis não aceitam cartões e os que aceitam cobram um valor absurdo, fica o questionamento de porque o Presidente da Câmara, Geraldo Jr, resolveu homenagear os trabalhadores de táxi com o título de ‘Patrimônio Imaterial da Cidade”. Caso o camarista não tenha pesquisado, o título de Patrimônio Imaterial, segundo o Iphan, órgão responsável pelo título e pela manutenção deste, está no Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI), instituído pelo Decreto n°3551 de 4 de agosto de 2000, e diz que o tal título “viabiliza projetos de identificação, reconhecimento, salvaguarda e promoção da dimensão imaterial do Patrimônio Cultural Brasileiro, com respeito e proteção dos direitos difusos ou coletivos relativos à preservação e ao uso desse bem”. Diz também que “É um programa de apoio e fomento que busca estabelecer parcerias com instituições dos governos federal, estaduais e municipais, universidades, organizações não governamentais, agências de desenvolvimento e organizações privadas ligadas à cultura e à pesquisa.”
 
Questionados, nem o Iphan nem a Fundação Gregório de Mattos sabem nada sobre este possível título anunciado por Geraldinho, não se sabe com que intuito.
Mesmo que o presidente da Câmara resolva solicitar a estes órgãos que homenageiem os trabalhadores do volante, não foi possível atinar onde cabem taxistas nesta homenagem. 

 O que ficou bem claro depois da denúncia da turista é de que estes profissionais precisam de treinamento, esclarecimento e suporte, uma vez que, tratando mal ou não atendendo o maior investimento da cidade, o turista, estão impedindo Salvador de crescer ter e boa divulgação.
Procurada, a Secretaria de Mobilidade de Salvador (Semob), informou em nota que “existem dois tipos de táxis operando em Salvador. O “táxi comum”, que opera com taxímetro e o valor da corrida não pode ultrapassar o valor do taxímetro, pode ser menor, mas nunca maior que o valor estabelecido. E, existe, também, o serviço do “táxi especial” que opera com tabela referencial. Vale ressaltar, que o aeroporto conta com os dois serviços e o cidadão pode escolher utilizar o que lhe convêm”. Porém, a Secretaria não justificou o absurdo valor cobrado pelo tal “táxi especial” e nem o que é feito dele, uma vez que a turista foi informada pelo taxista que ele “paga” uma boa porcentagem a cooperativa. A Semob também não informou porque, pensando no bem estar de quem vem visitar Salvador, não cobra dos taxistas a obrigatoriedade da aceitação de todas as formas de pagamento e explica a estes trabalhadores que esta seria a melhor maneira de movimentar a economia da cidade e fomentar o turismo.

Em contato com o presidente da Associação Geral de Táxis, Denis Paim, fomos informados que a opção de pagamento oferecido pelo taxista é definida por cada condutor, não sendo exigido recebimento de cartões de crédito ou débito. O presidente da instituição também não informou por que, diante de tanta concorrência dos aplicativos e do grande número de desempregados na cidade, não motiva os prestadores de serviço a melhor atender aqueles que vêm para passear ou trabalhar e querem ser bem atendidos.

A personagem da matéria, depois da péssima experiência vivenciada em sua chegada, afirmou que não voltará e nem indicará Salvador como roteiro, uma vez que acha um absurdo a quarta capital do país não prestar serviços à altura da fama e da beleza que tem. Afirmou também que em seu retorno para o aeroporto quando for embarcar para Curitiba, não utilizará mais os táxis da cidade, que já baixou o aplicativo e utilizará o Uber.


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