Um só homem decide o que pode ser dito no Brasil, diz o NYT sobre Alexandre de Moraes
Jornal norte-americano questiona até onde vai o combate às noticias falsas no Brasil

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O jornal norte-americano The New York Times comentou nesta sexta-feira (21) sobre a nova resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que permite ao presidente Alexandre de Moraes a remoção imediata de notícias falsas. A decisão, aprovada na última quinta-feira(20), também estipula prazo de duas horas para que sites e administradores de redes sociais retirem conteúdos comprovadamente inverídicos do ar.
Para o jornal, “a medida culmina uma estratégia cada vez mais assertiva das autoridades eleitorais no Brasil para reprimir os ataques divisivos, enganosos e falsos que inundaram a corrida presidencial do país nos últimos dias, incluindo alegações de que os candidatos são satanistas, canibais e pedófilos”.
No entanto, a publicação critica o poder dado exclusivamente a Moraes em período de eleição e aponta que o ministro já tomou algumas decisões contra o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). “Ao permitir que uma única pessoa decida o que pode ser dito online no período que antecede as eleições de alto risco, que serão realizadas em 30 de outubro, o Brasil se tornou um caso de teste em um crescente debate global sobre até onde ir no combate às notícias falsas”, diz trecho da publicação.
“O chefe das eleições, Alexandre de Moraes, também é juiz do Supremo Tribunal Federal, o que o colocou no centro de uma disputa separada sobre a crescente autoridade do tribunal. Como juiz da corte, ele ordenou investigações sobre Bolsonaro e prendeu alguns dos apoiadores do presidente”, continua.
No Brasil, a nova resolução do TSE também foi criticada. De acordo com especialistas consultados pelo jornal Estadão, a Corte exagera ao promover mudanças drásticas a dez dias do segundo turno e, portanto, fora do prazo em que as principais regras do processo eleitoral precisam estar bem definidas.