Uma semana antes do aniversário de 90 anos do nascimento de João Gilberto (10 de junho de 1931 – 6 de julho de 2019), a ser festejado postumamente em 10 de junho, uma série de gravações inéditas do cantor, compositor e violonista baiano vêm à tona através da Rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles (IMS), sem caráter comercial.

São três registros caseiros feitos em fitas de rolo, entre setembro de 1959 e novembro de 1960, que totalizam 41 gravações do artista. Feitos na Bahia, esses registros pertenciam ao acervo do compositor, maestro, jurista e cronista baiano Carlos Coqueijo Torreão da Costa (1924 – 1988), amigo de João.

Digitalizadas por Aydil Coqueijo, viúva de Carlos, as gravações foram doadas à pesquisadora Edinha Diniz, que cedeu os áudios para o IMS. O primeiro registro, captado em 10 de setembro de 1959, flagra João com a cantora Astrud Gilberto na casa de Coqueijo. O roteiro seguido informalmente pelos cantores abarcou 24 músicas.

Munido com seu habitual violão, João cantou músicas que nunca gravaria em disco, como a valsa Eu sonhei que tu estavas tão linda (Lamartine Babo e Francisco Matoso, 1941) e os sambas Comigo é assim (José Menezes e Luiz Bittencourt, 1952) e Despedida de Mangueira (Benedito Lacerda e Aldo Cabral, 1941).

Entre as músicas inéditas na discografia, também constam O bem do amor (nunca gravada em disco e creditada a Carlos Lyra e a Ronaldo Bôscoli) e o samba-canção Foi a noite (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1956), além de dois temas nordestinos de domínio público, Borboleta bonitinha e Cavalo marinho. Além do inestimável valor documental e musical, todas essas gravações reiteram o faro de João Gilberto para escolher e depurar repertório.