Vacina da Covid-19 dificilmente estará na rede privada do Brasil em 2021, diz ABCVAC
Além de restrição imposta pela Anvisa, produção mundial de imunizantes está toda voltada a governos nesta primeira fase

Foto: Vincent Kalut/Getty Images
Brasileiros que estariam dispostos a pagar para receber a vacina contra covid-19 na rede particular vão ter que esperar bastante tempo. Geraldo Barbosa, presidente da ABCVAC (Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas), entidade que representa cerca de 3.800 estabelecimentos, considera "remota" a possibilidade de haver vacinação disponível no setor em 2021.
Segundo ele, dois motivos dificultam o acesso do mercado privado às vacinas contra covid-19 neste primeiro momento. Um deles é a questão normativa da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que deve conceder apenas autorização de uso emergencial para os primeiros imunizantes disponíveis.
Geraldo Barbosa explica que esta modalidade não permite a comercialização dos produtos porque a agência ainda entende que os estudos não estão concluídos e trata as vacinas como "experimentais".
Barbosa diz que ainda que fosse possível negociar com a agência uma flexibilização da norma para que o setor privado também tenha possibilidade de aumentar a cobertura vacinal, não há doses disponíveis, pois os laboratórios estão focados em pedidos governamentais.
Para o presidente da entidade, a rede privada poderia ter um papel de apoio no aumento da cobertura vacinal. Ele ressalta que, no caso da imunização contra a gripe, o SUS vacina anualmente cerca de 70 milhões de pessoas e as clínicas particulares, em torno de 7 milhões.