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Veja carta em que senadores democratas acusam Trump de 'grave abuso de poder' por tarifas ao Brasil

Documento foi divulgado pelo Comitê de Relações Internacionais do Senado

Por Da Redação
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Veja carta em que senadores democratas acusam Trump de 'grave abuso de poder' por tarifas ao Brasil

Foto: Casa Branca/Daniel Torok

Um grupo de 11 senadores dos Estados Unidos enviou uma carta ao presidente Donald Trump na qual criticam o tarifaço de 50% ao Brasil e acusam o republicano de "grave abuso de poder". O documento foi divulgado pelo Comitê de Relações Internacionais do Senado.

Na carta, os senadores afirmam que o Brasil e os Estados Unidos têm questões comerciais legítimas que devem ser discutidas e negociadas.

"No entanto, a ameaça tarifária do seu governo claramente não se dirige a isso", pontua o texto, acrescentando que os EUA possuem uma relação comercial superavitária com o Brasil e não registram déficit desde 2007.

Os senadores argumentam que a ameaça de impor tarifas de 50% e a investigação aberta pelo escritório do USTR (Representante Comercial dos Estados Unidos) sobre as práticas comerciais brasileiras "têm como objetivo principal forçar o sistema judicial independente do Brasil a interromper o processo contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro".

A carta diz ainda que as tarifas aumentariam os custos para famílias e empresas americanas, já que os Estados Unidos importam mais de US$ 40 bilhões em produtos brasileiros por ano.

O documento foi assinado pelos senadores Tim Kaine, Jeanne Shaheen, Adam Schiff, Richard Durbin, Peter Welch, Kirsten Gillibrand, Mark Warner, Catherine Cortez Masto, Michael Bennet, Jacky Rosen e Raphael Warnock.

Leia carta na íntegra

Prezado Presidente Trump,

Escrevemos para expressar preocupações significativas sobre o claro abuso de poder inerente à sua recente ameaça de iniciar uma guerra comercial com o Brasil. Os Estados Unidos e o Brasil têm questões comerciais legítimas que devem ser discutidas e negociadas. No entanto, a ameaça tarifária do seu governo claramente não se dirige a isso. Tampouco se trata de um déficit comercial bilateral, visto que os EUA tiveram um superávit comercial de US$ 7,4 bilhões com o Brasil em 2024 e não registram déficit comercial com o Brasil desde 2007.

Em vez disso – como o senhor afirma explicitamente em sua carta ao presidente brasileiro Lula da Silva – a ameaça de impor tarifas de 50% sobre todas as importações do Brasil e a ordem do Representante Comercial dos EUA para iniciar uma investigação nos termos da Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 têm como objetivo principal forçar o sistema judicial independente do Brasil a interromper o processo contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Interferir no sistema judiciário de outra nação soberana estabelece um precedente perigoso, provoca uma guerra comercial desnecessária e coloca cidadãos e empresas americanas em risco de retaliação.

O Sr. Bolsonaro é um cidadão brasileiro que está sendo processado em tribunais brasileiros por supostas ações sob sua jurisdição. Ele é acusado de trabalhar para minar os resultados de uma eleição democrática no Brasil e de planejar um golpe de Estado. Usar todo o peso da economia americana para interferir nesses procedimentos em nome de um amigo é um grave abuso de poder, mina a influência dos Estados Unidos no Brasil e pode prejudicar nossos interesses mais amplos na região. O anúncio do seu governo, em 18 de julho de 2025, de sanções de visto contra funcionários do Judiciário brasileiro que trabalham no caso do Sr. Bolsonaro indica – mais uma vez – a disposição do seu governo em priorizar sua agenda pessoal em detrimento dos interesses do povo americano.

Suas ações aumentariam os custos para famílias e empresas americanas. Os americanos importam mais de US$ 40 bilhões anualmente do Brasil, incluindo quase US$ 2 bilhões em café. O comércio entre os EUA e o Brasil sustenta quase 130 mil empregos nos Estados Unidos, que estão em risco devido às ameaças de tarifas elevadas. O Brasil também prometeu retaliar, e vocês, preventivamente, prometeram retaliar na mesma moeda – o que significa que os exportadores americanos sofrerão e os impostos sobre importações para os americanos subirão além do nível ameaçado de 50%.

Uma guerra comercial com o Brasil também contribuirá para aproximar o Brasil da RPC (República Popular da China), em um momento em que os EUA precisam combater agressivamente a influência da RPC na América Latina. Empresas estatais chinesas e ligadas ao Estado estão investindo pesadamente no Brasil, incluindo diversos projetos portuários em andamento, e recentemente o China State Railway Group firmou um MOU (Memorando de Entendimento) para estudar um projeto ferroviário transcontinental.

Essas considerações não são exclusivas do Brasil. Em toda a América Latina, a RPC está trabalhando para aumentar sua influência por meio da Iniciativa do Cinturão e Rota. Estamos preocupados que suas ações para minar um sistema judicial independente apenas aumentem o ceticismo em relação à influência americana em toda a região e forneçam às autoridades da RPC e às empresas apoiadas pelo Estado maior credibilidade para sua agenda. A mesma tendência também está ocorrendo no Leste e Sudeste Asiático.

Os objetivos primordiais dos EUA na América Latina devem ser o fortalecimento de relações econômicas mutuamente benéficas, a promoção de eleições democráticas livres e justas e o combate à influência da RPC. Instamos vocês a reconsiderarem suas ações e priorizarem os interesses econômicos dos americanos que desejam previsibilidade, e não mais uma guerra comercial.

Senador Tim Kaine

Senadora Jeanne Shaheen

Senador Adam B. Schiff

Senador Richard J. Durbin

Senador Peter Welch

Senadora Kirsten Gillibrand

Senador Mark R. Warner

Senadora Catherine Cortez Masto

Senador Michael F. Bennet

Senadora Jacky Rosen

Senador Raphael Warnock

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