Veja os avanços no tratamento da Covid-19 desde o início da pandemia

Uso de corticoides eram proibidos, mas passaram a ser utilizados no tratamento de pacientes graves

Por Da Redação
Ás

Veja os avanços no tratamento da Covid-19 desde o início da pandemia

Foto: Reprodução/ Antonio Américo/ Sesa

Após 10 meses da descoberta da Covid-19, e apesar de ainda não ter nenhum medicamento específico para tratar as infecções, os avanços conquistados no tratamento e conhecimento da doença continuam ajudam especialistas a reduzir o risco de morte dos pacientes.  

Os pneumologistas Carlos Carvalho, Diretor da Divisão de Pneumologia do InCor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, e José Rodrigues Pereira, da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, comentam o que mudou desde o início da pandemia e como essas transformações foram importantes para evitar mais complicações em pacientes com a doença causada pelo coronavírus.

Inicialmente, os especialistas pensavam que a Covid-19 atingia apenas as vias respiratórias, mas perceberam que o coronavírus circulava no sangue, o que faz com que atinja diversos órgãos. Além disso, também tiveram conhecimento sobre a resposta imune, que varia de acordo com o paciente e a carga viral no organismo e, a partir disso, destacaram os perfis que fazem parte do grupo de risco da doença. 

"A partir do instante que eu sei que o paciente pode ter arritmia, fenômenos trombóticos ou lesões renais, fico atento aos menores sinais dessas complicações. Se eu sei que pode ocorrer trombose, uso o anticoagulante de maneira mais precoce. Se sei que a inflamação exagerada vai me atrapalhar, uso corticoides. Vou adaptando o tratamento", descreve Carvalho.

"Quando os chineses começaram a lidar com a doença, muitos profissionais de saúde se contaminaram e morreram, então eles falaram 'não use ventilação não invasiva porque isso dissemina o vírus pelo ar e contamina quem está em volta do paciente'. A orientação era intubar direto e ir para a ventilação invasiva", relata Carvalho.

Mas, ele explica ainda que essa regra mudou quando a Covid na Europa.  "Lá, eles têm um tipo de ventilação não invasiva feita com uso de capacetes. Com isso, tiveram um avanço potente no tratamento, o que preveniu intubação e reduziu a letalidade da doença", explica.

Pereira afirma que em relação ao uso de medicamentos havia "algumas verdades encaradas como absolutas viraram grandes mentiras". O primeiro exemplo que ele cita é o da cloroquina. "Hoje sabemos que ela não tem efeito nenhum, seja em casos leves ou graves", destaca.

Carvalho ainda disse sobre a mudança sobre a utilização de corticoides. "Era proibido dar cortisona, pois pode promover a queda de imunidade e, com isso, o paciente teria maior replicação viral e gravidade [da covid-19]", lembra.

Contudo, pouco tempo depois a ciência mostrou o efeito positivo de corticoides no tratamento de pacientes com quadros graves. "Estudos mostraram que os corticoides são extremamente benéficos e diminuem a letalidade da covid-19", destaca Carvalho. "Então, quando esses pacientes precisam de muito oxigênio e vão para a UTI, há indicação formal [do uso] desses medicamentos", completa.

"Os corticoides também trazem vantagens para pessoas que já estão recuperadas da covid-19, pois ajudam a diminuir os danos causados nos pulmões", complementou o especialista Pereira. 

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:redacao@fbcomunicacao.com.br
*Os comentários podem levar até 1 minutos para serem exibidos

Faça seu comentário