Vídeo: Barroso diz que se arrepende da frase 'derrotamos o bolsonarismo' e explica as razões que o levaram a dizer

O ministro Luís Roberto Barroso, que se despediu da presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) na última sexta-feira (26), afirmou que a única frustração de sua carreira foi ter dito a frase: "nós derrotamos o bolsonarismo", durante um congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em 2023.

Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o decano explicou o que ocorreu no dia da declaração, o que declarou como "infeliz".  "Eu lembro bem, porque como é a única coisa que eu me arrependo, em 12 anos e 3 meses, é a única coisa que eu verdadeiramente me arrependo. E aí, há muitas razões para isso", iniciou. 

Ao contextualizar, Barroso informou que havia sido convidado para debater sobre regulação das redes sociais no evento realizado pela entidade. No entanto, ao começar a palestrar, segundo ele, o palco foi cerca por cerca de 30 ou 40 pessoas fazendo barulho com corneta, bumbo  gritar para impedir a fala do ministro.

"Eu aguardei um pouco, não pararam, aí eu comecei a gritar para ver se as pessoas que estavam querendo... Tinha mil pessoas, e quem estava me impedindo de falar eram 30, 40 pessoas. Mas aí chegou uma hora que eu desisti porque era impossível fazer a minha voz prevalecer sobre a gritaria. E foi quando eu falei : 'Para vocês estarem aqui fazendo esse papel, nós derrotamos a ditadura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos a censura, nós derrotamos o bolsonarismo'", explicou ao jornal.

Segundo o ministro, o "nós" dito na frase não era sobre a Suprema Corte, mas sim, a sociedade brasileira. "Esta frase foi infeliz, por algumas razões. A primeira, é que deu a impressão que o nós era o Supremo, o nós era a sociedade brasileira, porque isso foi logo depois das eleições e o presidente não tinha sido reeleito", acrescentou. 

Ele continuou, ao citar que faltou com respeito às pessoas que votaram no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): "Segundo, porque até o meu modo de ser, eu nunca faço o argumento personalizado, fulanizado. O que nós derrotamos mesmo foi o extremismo, foi uma forma intolerante e agressiva, grosseira de se fazer política. Quando você fulaniza, você faz uma generalização ruim. Eu me referia só aos extremistas. Milhões de pessoas votaram no ex-presidente. De modo que foi uma falta de respeito com as pessoas que votaram legitimamente no presidente dizer aquilo", disse. 

"Eu fiz a melhor coisa que a gente pode fazer na vida quando comete algo. Então, eu pedi desculpa, fiz uma nota oficial que, já não me lembro textualmente, mas eu disse que não quis desrespeitar os eleitores do ex-presidente, porque não há democracia, há espaço pra todas as opiniões", concluiu o magistrado. 

Veja a declaração de Barroso