Vídeo: Conclave: entenda como acontece a votação para escolher um novo Papa e saiba quem são os favoritos
Eleição começa nesta quarta-feira (4) e não possui data para terminar

Foto: Divulgação/Vatican News
A notícia da morte do Papa Francisco, no último dia 21 de maio, pegou o mundo de surpresa. O primeiro pontífice latino-americano e jesuíta da história morreu aos 88 anos, decorrente de um AVC, seguido de um quadro de insuficiência cardíaca.
Neste momento sempre existem algumas dúvidas em relação a sucessão religiosa. Com a morte ou a renúncia de um Papa, se inicia um dos processos mais secretos da Igreja Católica: o Conclave. A votação para escolher o 267º pontífice começa nesta quarta-feira (7), na Capela Sistina, em Roma.
Os cardeais com menos de 80 anos se isolarão do resto do mundo para decidir o sucessor de Francisco. Atualmente, 135 dos 252 cardeais possuem direito ao voto; dentre eles, sete são brasileiros. Dois cardeais votantes estarão ausentes neste Conclave por motivos de saúde: o espanhol Antonio Cañizares Llovera e o queniano John Njue.
Apesar de ser algo que demande interesse e até vontade de ser concluído o quanto antes, o Conclave não possui prazo para terminar; o mais longo da história durou quase três anos. Poderão ser realizadas até quatro votações por dia, duas à tarde e duas à noite. Na terça-feira (6), o Vaticano liberou a previsão para o resultado das votações desta quarta-feira e da quinta-feira (8).
Nesta quarta (7) haverá uma única votação. O resultado deverá ser anunciado perto de 14h (horário de Brasília). Caso o próximo Papa não seja definido, a votação é reiniciada. Na quinta, a expectativa é de que os resultados sejam liberados às 5h30, 7h, 12h30 ou 14h.
Como funciona a votação?
Cada cardeal recebe dos cerimoniários, cédulas para escrever o nome do candidato que deseja eleger. Os três escrutinadores, sorteados pelo cardeal diácono antes do início da cerimônia, contam as cédulas; caso o número de cédulas não corresponda ao número de cardeais, a votação é recomeçada.
Se a contagem estiver correta, os três escrutinadores sentam-se em uma mesa e leem uma cédula de cada vez, para que os cardeais possam acompanhar a contagem de votos.
Após cada votação, as cédulas usadas são queimadas em um fogão de ferro. A fumaça da chaminé da Capela Sistina irá indicar o resultado.
Se for adicionada uma mistura de perclorato de potássio, enxofre e antraceno nos papéis, a fumaça sairá preta, indicando que a votação foi inconclusiva. Caso seja adicionada uma mistura de clorato de potássio, lactose e uma resina de pinheiro, a fumaça sairá branca, indicando que um novo papa foi eleito.
Para que um Papa seja eleito, são necessários dois terços dos votos. Neste conclave, é o equivalente a 89 votos.
Quem são os favoritos?
Não é possível prever quem será eleito o próximo Papa, porém muitas listas circulam pela internet com os cardeais “favoritos” para substituírem Francisco. Entre eles, estão:
O italiano Pietro Parolin: aos 70 anos, Parolin serviu como secretário de Estado do Papa Francisco desde a sua eleição, em 2013. Além disso, atuou como vice-ministro das Relações Exteriores do papa Bento XVI. É esperado que ele siga o legado de Francisco caso se torne Papa.
O italiano Matteo Zuppi: aos 69 anos, Zuppi é arcebispo de Bolonha desde 2015 e é presidente da Conferência Episcopal Italiana e membro da Comunidade de Sant'Egidio. Zuppi é defensor do diálogo da Igreja com a comunidade LGBTQIAPN+.
O italiano Pierbattista Pizzaballa: com 60 anos, Pizzaballa é patriarca de Jerusalém e o segundo papável mais jovem deste Conclave.
O filipino Luis Antonio Tagle: aos 67 anos, Tagle foi ordenado sacerdote em 1982 e se tornou arcebispo de Manila em 2011. Muito próximo de Francisco, se eleito, Tagle será o primeiro Papa asiático da história.
O húngaro Péter Erdő: com 72 anos, é o atual arcebispo de Budapeste. Em 2014, Erdő atuou como relator do Sínodo dos Bispos da Família e comandou a Assembleia Geral dos Bispos. Entre os favoritos, é o que mais se distancia dos ideais de Francisco.
Já entre os brasileiros, o arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Cardeal Dom Sergio da Rocha, é o que possui mais chances de ser eleito. Entre 2007 e 2011, ele atuou como membro da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Além disso, foi presidente da CNBB de 2015 a 2019.
Foto: Divulgação/Vatican News/Arquidiocese de Salvador
O jornalista e advogado Victor Pinto, conhecido pelo seu trabalho na Band Bahia, na Rádio Excelsior e na Arquidiocese de Salvador, disse ser muito difícil prever qual caminho os cardeais votantes irão seguir.
“A tendência de Papas é fazer sucessor, é buscar ter alguém ali que seja um defensor de seu projeto. Mas o Conclave é uma eleição interna corporis, uma eleição interna em que tudo pode acontecer”, pontuou.
“É difícil você apontar qual é o caminho que a igreja vai caminhar porque, independente da liderança religiosa, você tem ali também um chefe de nação, um chefe de Estado. Quando você passa a Consolação, quando você passa entre as colunas do Vaticano, você sai de um país que é a Itália e entra em outro. Então, você tem um chefe de nação que não existe vácuo de poder na política”, complementou.
Para ele, se os eleitores optarem por um Papa moderado ou progressista, a tendência é que boa parte do plano de Francisco seja continuado. “Mas, se for um conservador, creio eu que, no bastante popular, vai ser dado um cavalo de pau. E acho que podem acontecer, inclusive, algumas revogações de alguns atos que Francisco teve, como o avanço dessa ala mais progressista”, analisou.
Sobre Dom Sergio da Rocha, Victor Pinto, que é próximo do arcebispo, descreveu um possível papado como “moderado”, pendendo para um víés mais progressista. “Dom Sérgio seria alguém ali, na minha visão, da minha convivência, das minhas falas com ele, das entrevistas, dos cafés que nós já tomamos, alguém ali mais moderado, moderado para o campo mais progressista. Ele, sim, tem uma visão pastoral, uma visão muito semelhante, simples, muito semelhante do projeto, dos programas e das reformas que foram colocadas pelo Papa Francisco”, disse.
“Acho que seria um legado de continuidade, não sei se profundamente progressista, mas de alguém que consegue dialogar, e ele tem essa característica de sempre ser aberto ao diálogo, de poder conversar com as diversas frentes da igreja, a mais conservadora e a mais progressista”, concluiu.
O papado de Francisco
Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, nasceu em 1936, em Buenos Aires, na Argentina, e foi eleito Papa em março de 2013, após a renúncia de Bento XVI. Conhecido pela sua postura progressista, Francisco foi bem-quisto por grande parte dos fiéis, tendo o seu trabalho voltado, principalmente, para os pobres e marginalizados.
Para Victor Pinto, Francisco foi um Papa que “construiu pontes ao invés de muros”. “A simplicidade é sinônimo da atuação dele no papado, algo muito destoante de papados pomposos que a Igreja Católica possuía... Foi um Papa da humildade, da simplicidade. Foi um Papa que quis ir até o povo”, descreveu o jornalista.
Foto: Pixabay
Durante o papado, Francisco pediu pelo cessar-fogo em diversos conflitos na Europa e no Oriente Médio, como a guerra Israel-Hamas. “Faço um apelo às partes em conflito: declarem um cessar-fogo, libertem os reféns e venham ajudar um povo faminto que aspira a um futuro de paz”, pediu o pontífice no Domingo de Páscoa, um dia antes de morrer.
Francisco também foi responsável pelo fortalecimento da presença de mulheres no Vaticano. Em janeiro deste ano, o pontífice nomeou a freira Simona Brambilla para comandar o Dicastério para a Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Simona se tornou a primeira mulher a chefiar um departamento importante do vaticano.
O meio ambiente também foi uma pauta importante no papado de Francisco. Em 2015, o pontífice escreveu a encíclica ‘Laudato Si’ (Louvado Seja), fazendo um apelo para a proteção do planeta. “Por isso, apelo para a responsabilidade, com base no dever que Deus deu ao ser humano na criação: cultivar e proteger o jardim”, pediu Francisco.
Confira o vídeo: