Vídeo: “É muito fácil alguém dizer que não existe racismo na Polícia Militar”, afirma Denice Santiago no podcast Podomblé
Criadora do Centro de Referência Étnico-Racial, tenente-coronel fala sobre racismo estrutural na polícia e os desafios de transformação dentro da corporação

Foto: FB Comunicação
Foi ao ar na última segunda (12) mais um episódio do podcast Podomblé, apresentado por Adriano Azevedo. A convidada da vez foi a Tenente-Coronel Denice Santiago, fundadora do Centro de Referência Étnico-Racial da Polícia Militar da Bahia. Em um episódio marcado por reflexões profundas sobre racismo, segurança pública e transformação institucional, Denice compartilhou dados da dissertação de mestrado e experiências da carreira.
“É muito fácil alguém dizer que não existe racismo na Polícia Militar”, afirmou. Em sua pesquisa acadêmica, ela propôs um exercício prático: pedia que policiais desenhassem a figura de um suspeito. “A maioria dizia que não era negro, mas ao descrever, falavam de um jovem da periferia, com boné, camisa de time, que ouvia pagode e funk. Ou seja, estavam descrevendo alguém negro, periférico, de classe baixa, mesmo que não nomeassem assim.”
Denice destacou que a percepção policial ainda está fortemente ligada a um “currículo oculto” — um saber não oficial que é passado de profissional para profissional, reforçando estereótipos. “Essa experiência vai sendo reproduzida como verdade, mas é uma experiência viciada em estereótipos que a cultura trouxe da ditadura pra cá”, alertou.
A Tenente-Coronel pontuou ainda que a Polícia Militar é uma instituição com mais de 200 anos de história, marcada por estruturas rígidas. “Não dá pra modificar 200 anos só lá de dentro”, disse, reafirmando a importância de políticas públicas e educação para uma transformação mais ampla.
O episódio está disponível no canal do podcast Podomblé.
Confira mais no vídeo abaixo: