As diversas formas de violência são uma constante preocupação no cenário urbano. Brigas entre facções por disputa de território e controle do tráfico, aumento significante dos roubos e assaltos até mesmo à luz do dia, violência praticada dentro dos lares, apesar de impactarem toda a sociedade, causam um estrago inconsequente ao desenvolvimento de crianças e adolescentes. O medo de ser mais uma vítima logo se torna um enorme obstáculo à sociabilização e às experiências em lugares novos.
A proximidade da criança com um mundo de armamento pesado, drogas e disputas quase tribais por territórios, amputa o senso de descobertas e interesse pelo mundo adulto. Afinal, desde cedo eles precisam conviver com o perigo e é quando muitas optam por buscar segurança ao lado de quem, na verdade, são os responsáveis diretos pela truculência nas cidades.
Não à toa, as milícias Brasil afora tem um enorme respaldo das comunidades ondem atuam. Esse é, inclusive, um ponto em que o governo precisa com urgência demandar políticas públicas, sem mais tempo a perder.
Todos os dias, 31 crianças e adolescentes são assassinados no Brasil, de acordo com estatísticas do Datasus referentes a 2016, segundo levantamento apresentado no mês passado pela Unicef, durante um ciclo de formações sobre prevenção da violência contra crianças e adolescentes no Semiárido brasileiro.
Relativizar a segurança pública e incentivar o jovem a se afastar de caminhos sinuosos que levarão ao universo do crime e da violência descabida, portanto, é tolerar que vidas se percam no caminho.
A violência urbana é, hoje, mal sintomático que necessita intervenção. Por certo, algumas delas estão implícitas do pacote anticrime que o ministro Sérgio Moro apresentou e está na mesa da Câmara para votação. O Brasil precisa aniquilar alguns estigmas neste tema, como o de que cada segundo nas ruas sem ser assaltado ou vítima de alguma atrocidade significa uma nova chance de seguir adiante.
