Com essa frase profética, o iluminado pintor Van Gogh, em seu leito de morte, disse ao seu irmão Theo, está famosa frase, muito provavelmente com a finalidade de assegurar que certas tristezas tem o dom da eternidade e que permanecerão atormentando o homem para sempre.
É o que nós vivemos na atualidade brasileira, tamanha são as aberrações morais a que estamos submetidos, como indivíduos e como nação. Friedrich Nietzsche observou que, em casos assim, “deves estar preparado para arder em seu próprio fogo. Como podes renascer se não te hás convertido antes em cinzas?”, perguntou o grande pensador alemão.
A inesperada prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado em processo kafkiano a 27 anos de prisão em regime fechado, sobre o qual me dispenso de descrever, considerando a torrente de considerações que já o descreveram, salientando suas iniquidades e a grosseria jurídica com que foi conduzido.
A prisão do ex-presidente revelou ao mundo a natureza totalitária, não só do processo tal como se desenrolou, mas configurou claramente o ardil político, com o qual a estúpida aliança entre os poderes da República, eliminaram os direitos dos cidadãos, constitucionalmente consagrados.
A ditadura da Toga, então instituída, desmontou o regime democrático, tão duramente construído pelo povo brasileiro e, diferentemente das ditaduras militares –que já tivemos no passado – se cobre de um falso manto de legalidade, aproveitando da crença popular, tão arraigada no seio do povo, de que as decisões emanadas do poder judiciário, devem ser cumpridas por todos, corroborando a magistral afirmação de François Guizot, o constitucionalista francês do século passado, que tão oportunamente asseverou que “quando a política penetra no recinto dos Tribunais, a justiça se retira por alguma porta”.
A reação, tão justa quanto necessária, da maior Democracia do mundo, através das contundentes e objetivas palavras do Secretário de Estado do Governo norte-americano, Marco Rúbio, diz que este fato “é mais uma campanha crescente de opressão judicial” e os Estados Unidos darão, nos próximos dias, uma resposta cabível.
O Vice Secretário de Estado dos Estados Unidos, Cristofher Laudau, não foi menos enfático, ao dizer “que não há nada mais perigoso para a Democracia que um Juiz que não reconhece limites ao seu poder” e acrescenta, de forma veemente, “o juiz Moraes, um violador de direitos humanos sancionado, expôs o Supremo Tribunal do Brasil à vergonha e ao descrédito internacional ao desrespeitar normas tradicionais de autocontenção judicial e politizar de forma escancarada o processo judicial”.
Essa situação, desmedida e falsificada, tal como dizia Rui Barbosa, na qual nada se pode esperar do poder judiciário, jogou o país no mais apavorante medo, impedindo a Nação de manifestar seu profundo desprezo a esse regime de violações da lei e da Constituição.
O apoio político dos Estados Unidos e das democracias ocidentais tem sido de grande valor para conter a voracidade do regime de perseguição e violência política, mas estanca, não poucas vezes, em barreiras legais e políticas e não deixa de inocular no inconsciente coletivo o receio de enfrentar as poderosas forças, que superam em muito aquelas que protagonizaram a repressão da ditadura militar do passado.
Não é por outro motivo que a supremocracia imperante, cuida, em primeiro lugar de suprimir a verdade, exatamente porque esta é o maior obstáculo ao poder absoluto.



