José Medrado

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Li aqui, no Farol, que o craque argentino Lionel Messi se recusou receber a medalha do terceiro lugar da Copa América, depois de ter afirmado, no último sábado, que o torneio está manchado pela “corrupção”, e que a Argentina foi impedida de chegar à final. O atacante do Barcelona vinculou a não verificação do vídeo de árbitro em supostos pênaltis no jogo contra o Brasil como possível armação. Eu repercutia esta notícia em conversa com alguns amigos, quando um deles em rompante de “adolescente apaixonado”, apesar de contabilizar mais de quarenta anos de vida, bradou que o premiado jogador argentino estava querendo justificar a sua derrota. Percebi, naturalmente, que ali era um processo de fã, mas me chamou a atenção que, a partir deste momento, ele fez uma comparação ao que chamou “trabalho sujo da mídia contra o presidente Bolsonaro”, desfocando completamente o alvo da conversa para uma defesa ardorosa do presidente da República, de forma contundente, sem qualquer viés de questionamentos, dúvidas, e o pior nada havia sido tocando nesta direção. 
Fez uma entrega tão forte de defesa, sem que ninguém tivesse falado coisíssima alguma do chefe do Executivo nacional, repito, que pude refletir e até ampliar a constatação de que estas pessoas estão tendo comportamentos parecidos com times de futebol, partidos políticos e até mesmo religião, de forma quase fanática nesses dias que correm. Desenvolvem uma fé inabalável, muitas vezes se achando virtuosas por isto, mas só evidenciam a possibilidade de terem um transtorno difícil de diagnosticar como o de Personalidade de Borderline. São indivíduos que nas suas relações se entregam enlouquecidamente a uma questão sem qualquer possibilidade de contradita. Em geral, guardam ações impulsivas e relacionamentos instáveis. Explosivas, não se percebem em perturbação. O portador da Síndrome ou Personalidade de Borderline pode experimentar episódios intensos de raiva, depressão e ansiedade de duração de apenas algumas horas a dias, sem que o fator desencadeante seja compatível em consequência da emoção.
Infelizmente, o que vi em este meu amigo está disseminado  pela nossa sociedade e as pessoas não estão se dando conta: de que o extremismo em qualquer ponderação e ou conceito só evidencia a possibilidade de distúrbio emocional, para não falar mental, jamais virtude de amizade ou mesmo de defesa de valores caros à ética. É bom, assim, que estejamos atentos a nós mesmos, quando, em alguma situação de defesa de pessoa, fato e ou instituição, não abramos a menor possibilidade de algo não ser verdade, da nossa opinião ser a expressão do mais correto do entendimento, pois ao lidar com seres humanos, estamos também sujeitos às paixões e interesses não confessados deles e até nossos também.

José Medrado é professor e médium.
 


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