José Medrado

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A Bahia, infelizmente, se encontra em um desconfortável primeiro lugar no pódio dos estados com maior número absoluto de vítimas do homicídio no Brasil. Desde 2015 a Bahia tem liderado esse índice, mesmo sendo o quarto em número populacional. É o que nos mostra o Atlas da Violência 2020, divulgado na última quarta-feira (27) realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), tendo como banco de pesquisas, os dados existentes no  Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde. A Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) tem rebatido os número, afirmando que busca equacionar  as divergências entre os dados da pasta com os dos órgãos de saúde.

A verdade é que o Brasil é o “campeão” de assassinatos no mundo: em números absolutos, mais de 58 mil pessoas morrem assassinadas por ano. O pior é que se normalizou o fato, como, de fato, infelizmente, há sempre esta tendência da sociedade brasileira: de ignorar as questões que incomodam, em uma espécie de autoproteção anticidadã, que por consequência não gera pressão sobres os poderes público, para se criar políticas que possam, sem demagogia, mas com ações sérias, fazer o declínio desta escala terrível.  Há algum tempo, Jurema Werneck, Diretora Executiva da Anistia Internacional Brasil, lançou a campanha Jovem Negro Vivo que chama a atenção para o perfil das principais vítimas destas mortes: jovens, negros, do sexo masculino, moradores de periferias. A repercussão do projeto não tem sido a esperada, talvez, possivelmente, por Jurema ser negra e ser carimbada como de esquerda. Mais uma vez é de se lamentar que interesses que deveriam ser das mais variadas ideologias, de qualquer inclinação, sejam vistos enviezadamente por conta de questões que guardam outros móveis e não o bem comum.

Vemos e lamentamos que alguns processos que deveriam ser vistos como investimento no crescimento humano, consequentemente na própria estrutura da sociedade, em seu todo, são tidos com desprezo e ou indiferença. São sentimentos como esses que fazem, por exemplo, a senhora Bia Dórea sair de sua torre de marfim para afirmar que há “moradores de rua preguiçosos”. Essa é a visão rasa de quem não se debruça no problema social, em especial na desesperança que acalenta um conformismo doloroso de quem constata que nesta sociedade como está “não tenho vez”.
 


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