José Medrado

A Polícia do Distrito Federal apura a denúncia de injúria racial registrada na 14ª DP pelo estudante de odontologia Matheus Antunes, de 26 anos, após um vídeo com ofensas contra ele viralizar nas redes sociais. As autoras já foram identificadas e devem prestar depoimento nos próximos dias. Em termos asquerosos, elas gratuitamente comentam em redes privadas, mas que caíram no conhecimento público..."É preto e ainda fica tirando os outros de tempo", disse uma das mulheres sobre o rapaz, quando uma outra repassa: "Não passa um desodorante". Após a repercussão do caso, uma das jovens foi às redes sociais e pediu desculpas: "Eu venho aqui hoje em caráter de me retratar. Não quero me justificar. Eu sei o quanto eu errei". Apois, algum advogado deve ter orientado. Tornou-se, no entanto, uma dissimulação sem fim, pessoas desatam em suas maldades, disparando o que querem, então depois de regurgitarem o que tem em suas almas, justificam-se, pedem desculpas. Algo precisaria ser feito para que não cessasse a ação judicial, uma vez que o dano foi feito.

O jovem acionou as agressoras por  injúria racial, quando  a ofensa é direcionada a um indivíduo especifico, no crime de racismo,  por outro lado, a ofensa é contra uma coletividade, por exemplo, toda uma raça. Não há especificação do ofendido. É bom lembrar que no ano passado o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o crime de injúria racial configura um dos tipos penais de racismo e é imprescritível, ou seja pode ser julgado a qualquer tempo, independentemente da data em que fora cometido. Atualmente, a Constituição prevê apenas dois casos de crimes imprescritíveis: racismo e ação de grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.

A verdade, no entanto, é que diversas situações dessa natureza ficam impunes, são silenciadas ou até encaradas com certa naturalidade por algumas pessoas, como liberdade de expressão por exemplo, onde “não se teve a intenção de ofender” e por aí vai. É preciso que as camadas da sociedade brasileira mais aquinhoadas cultural e economicamente se conscientizem e se eduquem, sem esquecer de seus pequenos. Nelson Mandela  dizia que o racismo é um aprendizado. Concordo. As pessoas não nascem racistas, tornam-se racistas. O problema é fruto das disposições sociais e a aprendizagem pode acontecer muito rapidamente, logo na infância, nas percepções das crianças em atitudes com negros, a partir, em geral, de suas próprias casas na lida com os empregados domésticos. Os tais brasileiros que se acham brancos, deveriam compreender que, em verdade, são desbotados, pois a nossa miscigenação está mais do que comprovada. Seria surpreendente se essas pessoas fizesse um teste de mapeamento genético para saberem de onde vieram os seus antepassados, talvez revisassem sua ignorância, ou não.


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