José Medrado

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Que o homem brasileiro é de um machismo arraigado, ninguém dúvida. Afinal de contas apenas entre março de 2020, mês que marca o início da pandemia de Covid-19 no país e dezembro de 2021, último mês com dados disponíveis, foram 2.451 feminicídios e 100.398 casos de estupro, incluindo de vulneráveis, vítimas do gênero feminino. Em 2021, em média, no Brasil,  uma mulher foi vítima de feminicídio a cada 7 horas, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O Brasil é o quinto país que mais mata mulheres no mundo. Porém, o que paralisou os pesquisadores, deixando estudiosos psicossociais perplexos foi o resultado da pesquisa encomendada ao Instituto Ideia, pela revista GQ Brasil – publicação do grupo Globo Condé Nast, responsável por Vogue, Casa Vogue e Glamour, sempre abordando temas variados de ciência e comportamento. Pois bem, com a pesquisa “Quem é, afinal, o homem brasileiro do nosso tempo?”. O estudo inédito e exclusivo, de dimensão nacional, com entrevistas feitas por telefone, que revela o que pensa o homem brasileiro médio em temas fundamentais.

Entre diversas perguntas abordando os mais variados assuntos, a surpresa ficou com a constatação de que o homem jovem, dos 18 aos 24 anos, é o mais conservador, o que menos apoia o feminismo, o que mais cobra a virgindade da mulher e o que mais deseja, por exemplo, possuir uma arma de fogo. O homem brasileiro jovem ainda é o que menos se interessa por sexo (físico), mas são adeptos de visualizações pornôs pela internet e cultivam o hábito da troca de nudes. A virgindade da mulher antes do casamento que parecia coisa do século XIX ainda guarda alguma importância para 44% do homens, e vão para 51% entre homens que têm entre 18 e 24 anos de idade. Retrocesso, considerando que evidencia uma falta de aceitação da liberdade feminina sobre o seu corpo e seu desejo, evidenciando, inclusive, que só 27,7% disseram que homens e mulheres devem ter direitos iguais na sociedade. 

O que vemos, lamentavelmente, é uma desconstrução de processos de igualdade cidadã que deve alcançar todos os brasileiros regidos pelos princípios de igualdade proclamados pela Lei Maior. Entendo que se torna mais que necessário,  imprescindível mesmo que as escolas discutam, sim, tais questões de gênero e cidadania, a fim de que o obscurantismo de conceitos tabus seja revisitado pela luz do esclarecimento que liberta e gera uma sociedade mais igualitária possível. As mulheres precisam fazer valer a sua maioria de 51,8% que são da população brasileira. 
 


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