José Medrado

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O decano do Supremo Tribunal Federal, Ministro Celso de Mello, não poupou adjetivos pesados para classificar - talvez desclassificar seja mais adequado - a disposição do pessimamente avaliado pela população do Rio de Janeiro, prefeito Marcelo Crivella, que investiu sem tréguas contra o livro dos Vingadores, vendido na Bienal. Afirma o ministro à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo: “Sob o signo do retrocesso – cuja inspiração resulta das trevas que dominam o poder do estado -, e prossegue: um novo e sombrio tempo se anuncia: o tempo da intolerância, da repressão ao pensamento, da interdição ostensiva ao pluralismo de ideias e do repúdio ao princípio democrático”.

O respeitável ministro, onde, registre-se, nunca nuvem alguma pairou quanto a sua conduta, não se limita nas palavras e avança, ainda segundo a Folha de S. Paulo: “mentes retrógradas e cultoras do obscurantismo e apologistas de uma sociedade distópica erigem-se, por ilegítima autoproclamação, à inaceitável condição de sacerdotes da ética e dos padrões morais e culturais que pretendem impor, com o apoio de seus acólitos, aos cidadãos da república”.  Manifestação histórica, que, sem dúvida alguma, já se encontra registrada nas páginas da República.

Infelizmente, ações como as do prefeito Crivella, abraçada pelo presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, desembargador Cláudio de Mello Tavares, que  já havia decidido em 2009, em palavras de sua decisão que “não se pode negar o direito de lutar, de forma pacífica, para conter os atos sociais que representem incentivo à prática da homossexualidade”, evidenciando o conteúdo de seus decisórios no tocante ao tema. Parece incrível que um homem que deveria trabalhar na defesa do direito tenha posição tão vinculada a preconceitos inaceitáveis nesses dias dos século XXI. O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Tofolli, no entanto, instado pela Procuradoria Geral da República, defenestrou de vez a pretensão de Marcelo Crivella neste domingo.

A sociedade não pode descansar, em sua vigília, na defesa contra qualquer retrocesso na aceitação de plural, do diverso, da cidadania. 

 


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