Afinal, o que pretende o povo brasileiro? Prosseguir na insanidade evidente e notória, ou tomar de volta as rédeas da nação? Concorda com os desatinos que nos levou a esse beco sem saída, estranho em toda a nossa História, ou vamos evitar o inevitável encontro com o desastre?
Essa pergunta socrática remonta aos primórdios da filosofia grega. Não é crível que ela deixe de se impor à nossa responsabilidade, como se fôssemos um povo sujeito ao destempero ideológico e, frente a ele, nada pudéssemos fazer.
Onde estão as classes sociais participantes de nossa sociedade? Caladas, ou quando muito buscando caminhos para atenuar as falácias e aprofundando o enfrentamento inútil com a maior potência política e econômica do mundo?
As respostas do governo brasileiro a indesejável barreira tarifária anunciada pelo governo americano, são ilusões que só fazem acirrar o conflito e nos conduzir para uma disputa desvantajosa, se medirmos as forças que se digladiam.
Mesmo para os leigos em matéria econômica é evidente que a guerra das alíquotas é apenas a ponta do iceberg, cujo consectário é um volume incalculável de prejuízos e uma desordem comercial difícil de reajustar. Mais grave, estou certo, são outras medidas anunciadas pelo Presidente americano, Donald Trump, na carta enviada ao Presidente brasileiro.
O que a imprensa estatizada deu quase nenhuma importância foi a espada mortífera sobre a cabeça da economia brasileira com a investigação baseada na Seção 301 do Trade Act. Essa lei permite ao presidente dos Estados Unidos da América desencadear uma pormenorizada investigação, chefiada pelo Departamento de Comércio dos EUA, visando determinar os atos, políticas e práticas relacionadas a transferência de tecnologia, propriedade intelectual e demais práticas que oneram ou restrinjam o comércio dos Estados Unidos.
Negociador exímio que é, Trump intenta convidar empresas brasileiras, sobretudo as que sintam na carne os efeitos negativos de suas medidas restritivas, a transferirem suas atividades para o território norte americano, com tentadoras promessas de vantagens e tratamento preferencial.
Com relação ao que se passa com mais de 150 países que estão a braços com as medidas tarifárias do Governo norte americano, a negociação tem encontrado o tal ponto de equilíbrio proposto por Trump, mas, em razão do contencioso contido na citada carta do presidente americano ao brasileiro, acredito que Lula aponta os seus poderosos canhões para disparar contra a Casa Branca, do que dar o braço a torcer.
O que Lula tem para negociar? Nada. Ou tem quem pense que ele concederá anistia aos presos políticos, aceitará o retorno ao pleno estado democrático de direito, providenciará o fim das perseguições políticas, abrirá mão das suas alianças antiocidentais? Lula já foi longe demais, agora é tarde: Inês está morta!
Para recuperar a capacidade negocial da nação é forçoso encontrar, através dos meios democráticos e constitucionais, interlocutores capazes de tecer novos horizontes que reconduzam o país ao estado democrático de direito e à sua longa tradição de alinhamento com os valores da cultura ocidental.
Sucumbir aos caprichos ideológicos de um governo irresponsável e permitir que a aventura se perpetue não terá o perdão das gerações futuras, que olharão para o passado com desprezo e pena!