José Medrado

Novidade alguma em dizer que estamos vivendo um momento sem precedente na história recente da humanidade. O estabelecimento da angústia, do medo tem gerado inúmeros distúrbios e superficializações de processos inconscientes que não temos a menor noção. Fato é, que o novo coronavírus afetou, a já e sempre comprometida saúde emocional do ser humano. Nesse processo percebemos, e por incrível que pareça, entre as pessoas mais esclarecidas, a somatização de seus conflitos emocionais em possíveis sintomas da covid-19.

         Sabemos que somatização será sempre a geração de sintomas efetivos físicos, em decorrência de grande ansiedade e ou medo gerados por forte estresse emocional, podendo ser em decorrência do próprio tipo de vida da pessoa, ou em função de algum momento específico, como por exemplo a atual pandemia. Naturalmente, que estará sempre relacionada à condição psicológica, ou mesmo psiquiátrica do indivíduo. Ressalte-se, no entanto, que apesar de inúmeros estudos já publicados não há uma vertente única que afirme a real causa dos distúrbios somatiformes. Há inclusive fortes defesas da presença, em alguma medida, do componente genético.

         No atual contexto, pelo que o mundo passa, inclusive o Brasil, muitas pessoas, apesar de uma descarga frenética de informações sobre a covid-19, sem associar sintomas, bastante um ou dois já se autodiagnosticam portadoras do vírus, podendo, inclusive, desenvolver outros sintomas que venham ao encontro de um ou outro presentes, por força de algum processo pré-existente nesses indivíduos. Afirmam alguns estudiosos, que o corpo busca lidar sempre com os nossos sofrimentos psicológicos, sendo uma espécie de válvula de escape, aliviador, liberador de nossas, muitas vezes ocultas e não sabidas, dores emocionais. É fato que as emoções sempre geram reflexos físicos: quando se está com raiva, por exemplo, os músculos ficam enrijecidos, a ansiedade e ou medo geram uma respiração mais acelerada. O corpo sempre buscará liberar as tensões emocionais. Não resta dúvida, portanto, que há uma intensa relação entre mente e corpo.

Assim, os transtornos psicossomáticos estão muito mais presentes nas pessoas do que possamos imaginar, principalmente nesses dias dominados pelo medo de contágio, de morte pela covid-19, dando muito mais vazão ao crescimento dos nossos fantasmas e fantasias. Não que a somatização seja uma invenção, que não existe, ou que as pessoas estão perdendo a cabeça, quando não a paz. Não é disso que se trata, mas de se buscar compreender o porquê das que somatizam seus processos estão sempre drenando para o corpo suas questões psicológicas?


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