Agosto Branco: campanha alerta para a importância do rastreamento do câncer de pulmão
A doença tem cura, principalmente quando diagnosticada cedo, mas a principal dificuldade é o fato dela ser silenciosa em sua fase inicial

Foto: Divulgação Assessoria
Agosto Branco é o mês de conscientização e alerta para o câncer de pulmão, neoplasia que lidera o ranking das doenças oncológicas com maior número de mortes no mundo. De acordo com a OMS, 1,8 milhão de pessoas morreram em 2020 por conta da doença. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Brasil, ele é o terceiro tumor mais comum em homens, com estimativa de 17.760 diagnósticos em 2022 e o quarto em mulheres no Brasil, com 12.440 casos, excluindo os tumores de pele não melanoma. Na Bahia, a doença deve atingir 1.170 pessoas este ano.
O tabagismo é o principal fator de risco para o câncer de pulmão, sendo responsável por 85% dos casos. O câncer de pulmão também pode atingir quem não é usuário de tabaco. Os fumantes passivos, aqueles que não fumam, mas convivem com fumantes em ambientes fechados possuem 25% mais chances de desenvolverem o câncer de pulmão.. A doença também pode estar atribuída à poluição e a fatores ocupacionais como exposição excessiva à fumaça de carvão e a substâncias como o asbesto, conhecido comercialmente como amianto. Para conscientizar a população sobre a prevenção da doença, a campanha Agosto Branco chama atenção sobre os malefícios do tabaco e a importância da detecção precoce deste tipo de tumor.
Segundo o coordenador do serviço de pneumologia do Hospital Mater Dei Salvador, Jamocyr Marinho, o cigarro possui cerca de 5 mil substâncias que são nocivas para o organismo que estão associadas ao risco de outras 50 doenças, como enfisema, bronquite crônica, infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Entre as substâncias presentes na composição do cigarro, a nicotina é a mais conhecida e responsável por causar dependência. As mais perigosas, entretanto, são os hidrocarbonetos, que possuem efeito cancerígeno, como o alcatrão. “Essas substâncias vão irritando as células do pulmão, que vão se multiplicando e sofrendo mutações dando origem a uma célula cancerígena”, explica o especialista.
A doença tem cura, principalmente quando diagnosticada cedo, mas a principal dificuldade é o fato dela ser silenciosa em sua fase inicial. Em estágio avançado, a doença apresenta sintomas como tosse persistente, perda de peso, dor no peito, rouquidão, escarros com sangue e falta de ar. O pneumologista alerta que a melhor prevenção para a doença é não fumar. Para quem é fumante ou fumou no passado, a orientação é manter consultas regulares com um pneumologista e realizar exames anuais de diagnóstico para rastreamento da doença.
“Existe uma campanha mundial para o rastreamento de câncer de pulmão com a realização de tomografia computadorizada de tórax de baixa dosagem em pessoas que fumam muito ou que pararam de fumar há menos de 15 anos. Mesmo assintomático, é importante fazer o rastreamento do câncer de pulmão uma vez por ano. Quando conseguimos detectar a doença em fase inicial, o prognóstico é muito melhor”, afirma.
Redução de Adultos Fumantes
A boa notícia é que o percentual de adultos fumantes no Brasil vem apresentando uma expressiva queda nas últimas décadas em função das ações desenvolvidas pela Política Nacional de Controle do Tabaco, criado na década de 80, que foi responsável por campanhas maciças contra o uso do cigarro. Segundo o Inca, em 1989, 34,8% da população acima de 18 anos era fumante, de acordo com a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN). Os dados mais recentes do ano de 2019, da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) apontam o percentual total de adultos no Brasil fumantes em 12,6 %.
“É muito difícil parar de fumar. A nicotina causa dependência e é agradável para o cérebro, assim como outras substâncias que também causam dependência, como o crack e a cocaína. A pessoa pode conseguir parar de fumar sozinha, mas o ideal é que ela tenha ajuda profissional. Vários hospitais e clínicas possuem programas de cessação de tabagismo que podem auxiliar nesse processo. A falta de nicotina no cérebro pode causar a síndrome de abstinência, como qualquer outra substância psicoativa”, alerta o especialista.
Cigarro eletrônico vem ganhando espaço entre jovens
Se por um lado, o percentual de adultos fumantes demonstrou queda nos últimos anos, por outro, o número de pessoas, sobretudo os mais jovens, que vem consumindo cigarros eletrônicos, preocupa. De acordo com dados do relatório Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia), 1 a cada 5 jovens entre 18 e 24 anos faz uso de dispositivos eletrônicos de fumo no país, o que equivale a 19,7% da população.
Embora a sua comercialização seja proibida pela Anvisa desde 2009, os cigarros eletrônicos, também conhecidos como vaporizadores ou vaper, são comercializados clandestinamente no Brasil, sendo facilmente encontrados em boates e casas noturnas. Algumas substâncias destes cigarros ainda são desconhecidas, mas sabe-se que muitas delas são prejudiciais à saúde, entre elas a nicotina e as nanopartículas de metais pesados, solventes e outros químicos.
O coordenador do Hospital Integrado do Câncer, Cleydson Santos, afirma que os jovens têm uma falsa impressão de que o cigarro eletrônico é seguro e que não possui efeitos adversos. “Muitas substâncias do cigarro eletrônico não são conhecidas, nem divulgadas. A nicotina presente neste dispositivo pode causar dependência e funcionar como porta de entrada para o cigarro convencional. Algumas substâncias são irritativas e podem causar a doença pulmonar aguda, que é semelhante à pneumonia”, . O especialista afirma que já existem estudos sendo realizados em alguns países para descobrir se o cigarro eletrônico tem alguma relação com o desenvolvimento do câncer de pulmão.
Tratamento
O coordenador do HIC alerta que o tabagismo é altamente prejudicial à saúde. Além do câncer de pulmão, ele também está associado a diversos outros tipos de tumores como os de cabeça e pescoço, esôfago, estômago, bexiga, dentre outros. “No caso do câncer de pulmão, o risco maior está associado ao coeficiente tabágico, que é calculado pelo tempo de exposição e a quantidade de cigarros fumados por dia ao longo dos anos. Quanto maior o coeficiente, maior o risco de desenvolver a doença”, afirma.
O especialista afirma que uma vez confirmado o diagnóstico do câncer de pulmão, o tratamento ocorre em três pilares. O primeiro e principal deles é a cirurgia, na qual é feita a retirada da região do pulmão onde se encontra o nódulo e os linfonodos na região do mediastino, espaço torácico entre as pleuras viscerais dos pulmões. Após o procedimento cirúrgico, o médico faz uma avaliação para definir a necessidade da realização da radioterapia e do tratamento com medicações, que pode ser a quimioterapia convencional ou a imunoterapia.
O Hospital Integrado do Câncer do Hospital Mater Dei Salvador dispõe de equipe multidisciplinar capacitada para o atendimento de pacientes oncológicos, alinhado às práticas mundialmente validadas para tratamento da doença. A unidade possui equipamentos com tecnologia de ponta para diagnóstico e todas as fases do tratamento e oferece as terapias mais avançadas do mundo para o tratamento do câncer.
A Rede Mater Dei é uma das pioneiras do país no uso da imunoterapia e é considerada uma das equipes com maior frequência e experiência no uso dessa terapia. O tratamento é considerado como o maior avanço no tratamento de metástases até o momento. A técnica tem o objetivo de potencializar o sistema imunológico de forma que este possa induzir o combate das células cancerígenas, diferentemente de outros mecanismos de ação contra o câncer que se baseiam diretamente no combate às células cancerígenas.
O HIC atua desde os tratamentos quimioterápicos clássicos a técnicas mais modernas como a hormonioterapia e a imunoterapia, que agem estimulando o sistema imunológico do paciente a atacar o tumor, ao invés de atacar diretamente as células malignas. O hospital também utiliza as terapias alvo, como os anticorpos monoclonais que são indicados para agir em uma mutação específica encontrada no tumor. Essas técnicas melhoram a eficácia do tratamento e reduzem os efeitos colaterais do paciente.
“O tratamento cirúrgico do câncer de pulmão teve grandes avanços nos últimos anos, incluindo a chegada da cirurgia robótica. Hoje temos técnicas mais modernas de radioterapia e também novas medicações como a Imunoterapia e terapia alvo, que melhoraram dramaticamente os resultados e o controle da doença, garantindo melhor sobrevida dos pacientes”, afirma o oncologista Cleydson Santos.