Após 4 meses, apenas 39% dos idosos tomaram duas doses da vacina, diz levantamento
Falta de vacina e baixa cobertura da 2ª dose são motivos destacados pelos especialistas para justificar queda

Foto: Reprodução/G1
Um levantamento feito pelo G1, a partir da base de vacinados do OpendataSUS, sistema do Ministério da Saúde, aponta que após quatro meses de vacinação contra a Covid-19 no Brasil, apenas 39% dos idosos acima de 60 anos foram vacinados com as duas doses no Brasil, considerando todas as vacinas.
Isso revela um desafio ainda maior para que o país consiga imunizar a maior parcela da população: a formada pelos adultos até 59 anos.
"A distribuição etária deixa claro que temos um longo caminho pela frente", afirma ao G1, o físico Marcelo Gomes, especialista em modelos de propagação de doenças da Fiocruz.
Ao ampliar a análise para todo o grupo prioritário, que totaliza pouco mais de 78 milhões de pessoas segundo a última atualização do Plano Nacional de Vacinação, vê-se que 45% receberam a 1ª dose e somente 20% podem ser consideradas imunizadas, pois receberam também a 2ª dose.
Entende-se como grupo prioritário os profissionais de saúde, os idosos acima de 60 anos, as grávidas, os indígenas, entre outras categorias incluídas recentemente.
O desafio é: como vacinar tanta gente ainda se, após 4 meses, o país não conseguiu cobrir nem os grupos prioritários?
Especialistas consultados pelo G1 listam os 4 principais entraves para que a vacinação seja efetiva:
Falta de vacina
Baixa cobertura da 2ª dose
Comunicação falha e falta de busca ativa
Dados de gestão de difícil acesso
De acordo com o levantamento do Laboratório de Estatística e Ciência de Dados da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), a cobertura vacinal dos adultos com mais 20 anos será concluída apenas no início de 2023 se for mantida a média de aplicação de segunda dose dos últimos 30 dias.
Terceira onda
Com a vacinação ineficiente, a possibilidade de uma nova onda foi levantada pela Fiocruz, em um boletim extraordinário do Observatório da Covid-19 da fundação.
"A observada manutenção de um alto patamar, apesar da ligeira redução nos indicadores de criticidade da pandemia, exige que sejam mantidos todos os cuidados, pois uma terceira onda agora, com taxas ainda tão elevadas, pode representar uma crise sanitária ainda mais grave", afirma o documento.


