Após motim bolsonarista, Motta afirma que democracia 'não pode ser negociada' e defende que interesses do povo devem ser priorizados
Discurso do Presidente da Câmara ocorre em meio à desocupação da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, na noite de quarta-feira (5)

Foto: Reprodução/Mário Agra/Câmara dos Deputados
Em resposta ao motim bolsonarista que ocupou a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados na terça-feira (5), o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou, na noite de quarta-feira (6) que a democracia "não pode ser negociada" e deve ser priorizada inclusive diante de interesses pessoais ou eleitorais.
Durante o movimento, os parlamentares protestavam contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em uma mobilização que impediu a realização de sessões desde a terça-feira. A desocupação do plenário por parte dos protestantes aconteceu ainda na noite de quarta, com ameaças de suspensão de mandatos e acionamento da polícia legislativa.
“Não podemos deixar que projetos pessoais e até projetos eleitorais possam estar à frente do que é maior que todos nós: o nosso povo", discursou Motta.
Ao tentar abrir a sessão, Motta foi impedido de sentar na cadeira da Presidência pelo deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), que participava da ocupação, e não quis sair do lugar. O parlamentar cedeu após uma breve conversa com Motta, que conseguiu reassumir o posto.
Para conter a situação, Motta determinou o fechamento do acesso ao plenário e chamou a polícia legislativa. O Presidente da Câmara dos Deputados também ameaçou suspender por até seis meses o mandato de deputados que insistissem em impedir a realização das sessões, e afirmou que não se tratava de uma ameaça, mas sim de "um gesto de reafirmação da democracia brasileira”.
Ele ainda foi contra os protestos realizados na Câmara, que impedem as tramitações, e defendeu que o melhor caminho para quaisquer mudanças está no diálogo.
“Vamos continuar apostando no diálogo. Só o diálogo é que mostrará a luz das grandes construções que o Brasil precisa. Nossa democracia não pode ser negociada.”
Deputada com criança de colo no plenário
A deputada Julia Zanatta (PL-SC) foi até o protesto com a bebê de colo. A parlamentar publicou nas redes sociais que estava sentada na cadeira do presidente Hugo Motta, e afirmou que o Presidente da Câmara, não tem coragem de tomar decisões necessárias.
Após receber críticas, Zanatta admitiu publicamente que utilizava a criança como "escudo" no protesto.
“Os que estão atacando minha bebê não estão preocupados com a integridade da criança [...] eles querem é inviabilizar o exercício profissional de uma mulher usando sim uma criança como escudo. Canalhas!”, publicou.
A deputada Carol de Toni (PL-SC), também levou a filha pequena para o plenário.