"As manifestações de rua são o exemplo claro de que a democracia vive sua plenitude", afirma Pazuello
Em entrevista à Veja, o ministro interino da Saúde comentou sobre as declarações de Gilmar Mendes e a condução diante da pasta

Foto: Agência Brasil
Em entrevista exclusiva à Veja, o ministro interino do Ministério da Saúde, general Eduardo Pazuello, fez declarações sobre a atuação dele diante do cenário de pandemia, fez críticas ao posicionamento do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que sugeriu o envolvimento do Exército em um "genócio" no enfrentamento da doença pelo Governo Federal, além de dar uma breve "alfinetada" no ex-ministro da pasta, Luiz Henrique Mandetta.
Ao comentar sobre a fala do ministro Gilmar Mendes, que gerou repercussões negativas entre parlamentares e o Ministério da Defesa, Pazuello declarou que a afirmação do magistrado não o incomodou e classificou a fala como "mal colocada" e "atravessada". Ele também garantiu que já conversou com Gilmar Mendes
"Você acha que esse general pode se sentir atingido porque um fulano falou isso ou aquilo? A missão é muito mais importante. Estou numa guerra contra uma doença que já matou 75 000 pessoas, enfrentando interesses inconfessáveis e quadrilhas que têm de ser desbaratadas. Com tantos problemas, ou se vai para Portugal ou se tenta mitigar isso tudo. [...] Foi uma conversa muito mal colocada, atravessada, num momento errado e de uma pessoa que não precisava falar isso. Mas eu e o ministro Gilmar já conversamos", disse Pazuello.
Durante a entrevista, Pazuello também fez crítica ao posicionamento do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta na condução da pasta diante do cenário de pandemia.
"Ele imaginava que a melhor coisa era ficar em casa até passar mal. Não vou dizer que ele estava errado ou que teve dolo. Na época era o que tinha de certo. [...] Agora é tratamento imediato, nada de ficar em casa doente. E o diagnóstico é do médico, não do teste. [...] Mas ele poderia ter usado o tempo dele melhor, ao invés de ficar dando entrevistas por quatro horas todos os dias", disse o ministro interino em crítica a Mandetta.
O general também comentou sobre as manifestações contrárias às decisões do STF, em que uma delas um manifestante pediu a volta do AI-5, um dos decretos mais rígidos no período da Ditadura Militar, e pontuou que não vê risco à democracia.
"Zero. As manifestações de rua são o exemplo claro de que a democracia vive sua plenitude. Nasci em 1963, não sei nem o que é AI-5, nunca nem estudei para descobrir o que é. A história que julgue. Isso é passado, acabou. A nossa guerra agora é contra a corrupção, contra o aparelhamento de uma estrutura complicada de muitos anos que a gente herdou em todos os órgãos", declarou Pazuello.