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Assessor diz que Torres quase escapou de live golpista, mas Bolsonaro foi cutucado sob a mesa

Segundo Lorenzo, foi depois do alerta que Bolsonaro chamou Anderson para participar da transmissão

Por FolhaPress
Ás

Assessor diz que Torres quase escapou de live golpista, mas Bolsonaro foi cutucado sob a mesa

Foto: Defesa aérea naval

O brigadeiro da reserva Antonio Ramirez Lorenzo, ex-chefe de gabinete do Ministério da Justiça, disse nesta quarta-feira (28) ao STF (Supremo Tribunal Federal) que o ex-ministro Anderson Torres quase se livrou da live em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou as urnas eletrônicas.

"Curiosamente, por muito pouco ele não participou [da live]. O presidente chegou a ensaiar a finalização da live: Ok, obrigado, boa noite. Mas uma assistente rastejou por baixo da mesa, cutucou o presidente e informou que o Anderson estava do lado de fora com informações", disse.

Segundo Lorenzo, foi depois do alerta que Bolsonaro chamou Anderson para participar da transmissão realizada no Palácio do Alvorada.

O ex-ministro leu um relatório da Polícia Federal para, segundo o próprio, "corroborar" as acusações falsas de fraudes nas urnas eletrônicas.

A Polícia Federal concluiu, em investigação sobre o caso, que as informações foram utilizadas fora de contexto em ação dolosa do grupo para disseminar desinformação.

Isso porque, na contramão da fala de Torres, os peritos da PF não apontaram em relatórios sobre urnas eletrônicas em 2016, 2018 e 2020 qualquer possibilidade de fraude ou adulteração no resultado das eleições.

Eles sugeriram apenas que os votos das urnas eletrônicas fossem impressos como ferramenta adicional para tornar o processo ainda mais confiável, mas sem levantar suspeitas de risco para o processo eleitoral como alardeado por Bolsonaro.

Antonio Ramirez Lorenzo prestou depoimento ao STF como testemunha da defesa de Torres no processo sobre a trama golpista de 2022.

O brigadeiro disse que foi informado por integrantes do governo Bolsonaro sobre a convocação para que Anderson Torres participasse da live. O ex-presidente fazia transmissões semanais nas redes, sempre às quintas, e iria dedicar o tempo para divulgar falsos indícios de fraudes no sistema eleitoral.

A participação do ex-ministro gerou tensão no Ministério da Justiça, segundo Lorenzo. "A pauta era polêmica, não havia sinais de problemas em votação eletrônica, e a exposição do ministro nos preocupava bastante", disse.

De acordo com o ex-chefe de gabinete, a pasta da Justiça conseguiu demover a Presidência de realizar a live na sede do ministério e conseguiu garantir que Torres não ficaria sentado à mesa durante a fala de Bolsonaro.

Lorenzo ainda contou que buscou na Polícia Federal relatórios sobre a fiscalização em eleições anteriores, destacou trechos com marca-texto e entregou os documentos para o então ministro.

A preocupação, segundo a testemunha, era reunir somente informações técnicas para a apresentação de Torres. Dessa forma, seria possível atender ao pedido de Bolsonaro "sem maior comprometimento".

O ministro Alexandre de Moraes, que conduz os depoimentos, aproveitou a audiência com Lorenzo para questioná-lo sobre manifestações nas redes sociais que, segundo o ministro, poderiam indicar que a transição no Ministério da Justiça para o governo Lula não fora conduzida de forma técnica.

Foram dois tuítes destacados por Moraes. Um em que o brigadeiro criticou o ministro Flávio Dino por convocar coletiva de imprensa após os ataques de 12 de dezembro de 2022; outro em crítica ao ministro Luís Roberto Barroso, então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

As publicações sumiram das redes sociais quando Lorenzo excluiu seu perfil do X, antigo Twitter.

O brigadeiro disse que, no calor do momento, sua opinião pessoal foi "carregada demais nas tintas". "As redes sociais não são arena para isso. Eu me arrependo porque são opiniões pessoais que eu deveria guardar para mim", completou.

O coronel da Polícia Militar do Distrito Federal Rosivan Correia de Souza também foi ouvido nesta sessão. Ele foi questionado sobre a estrutura da segurança do DF e, na primeira pergunta, disse que o comando-geral da PM não é subordinada à Secretaria de Segurança Pública.

Depois do depoimento, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, voltou ao tema e o coronel confirmou a resposta. A defesa de Anderson Torres afirmou que não há, no organograma do DF, relação de subordinação. Alexandre de Moraes então disse ter sido secretário de segurança.

"Então o secretário de segurança é uma rainha da Inglaterra?", perguntou o ministro.

"Eu não diria uma rainha da Inglaterra. Atualmente a gente até tem uma vinculação mais forte, uma subordinação, digamos assim, desde que o governador Ibaneis [Rocha] assumiu, ele reforçou bastante essa vinculação, mas o ordenamento…", respondeu o coronel.

O ministro encerrou reforçando o argumento dele. "Vamos pegar o regimento interno. Eu fui do conselho do secretários de segurança, sou amigo pessoal do atual secretário de segurança do DF. Querer dizer que não exerce hierarquia dobre as polícias é querer dizer que o presidente da república não é o comandante-em-chefe das Forças Armadas."

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