Atendimentos de saúde mental foram reduzidos durante pandemia, diz estudo
Atendimentos ambulatoriais foram 28% abaixo do esperado

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Um grupo de pesquisadores brasileiros desenvolveram uma pesquisa, publicada no periódico internacional The Lancet, que apontou uma queda do atendimento de saúde mental durante a pandemia, um momento de crescimento de transtornos mentais, como ansiedade e depressão.
O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade de Brasília, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e do Hospital das Clínicas de Porto Alegre. Eles descobriram que nos primeiros seis meses da pandemia foram registrados 1,18 milhão de atendimentos ambulatoriais relacionados à saúde mental.
Segundo os cientistas esse número é 28% abaixo do que seria esperado. Havia uma expectativa de média, com base em dados de períodos anteriores, que houvesse 1,66 milhão de procedimentos deste tipo.
A que também foi identificada nos atendimentos de grupo, eles diminuíram em 68%. Nos seis meses analisados, ocorreram 102,4 mil atendimentos coletivos, ante a expectativa de 317,8 mil.
Outro procedimento que apresentou queda na pandemia, foi a hospitalização psiquiátrica, com uma redução de 33%. As internações entre março e agosto de 2020 totalizaram 289,2 mil. Mas a média esperada era de 430,3 mil.
“Nossos achados mostram uma mudança dramática na assistência à saúde mental durante a pandemia. Esse fenômeno pode agravar a crise de saúde mental e gerar uma pandemia paralela que pode durar por um tempo maior do que a pandemia da covid-19”, concluem os autores no estudo.
O estudo também identificou procedimentos relacionados à saúde mental que cresceram durante a pandemia. Um deles é a consulta de emergência, com alta de 36%.
O atendimento domiciliar teve aumento de 52%. Isso sinaliza a opção das pessoas por evitar o ambiente de clínicas e hospitais e serem atendidas em seus lares.