Bahia está entre estados com maior dificuldade de acesso a creches e Salvador aparece entre capitais, aponta estudo
'Panorama do acesso à Educação Infantil no Brasil' indica problemas de desigualdade social e regional na educação brasileira

Foto: Reprodução/Carol Garcia/GOVBA
A Bahia está entre os estados com maiores índices de dificuldade de acesso à Creche, conforme divulgado no "Panorama do acesso à Educação Infantil no Brasil", da organização não governamental (ONG) Todos Pela Educação. Com falta de creches, Salvador colabora para péssimo ranking estadual. O levantamento ainda mostrou que, embora o número de inscrições nas creches e pré-escola tenham aumentado em todo Brasil, o índice de desigualdades sociais e regionais também cresceram paralelamente.
Segundo o estudo, o atendimento de crianças de 0 a 3 anos chegou a 41,2% em 2024, o que ainda ficou abaixo da meta de 50% definida pelo Plano Nacional de Educação (PNE), cuja vigência se encerra no final de 2025. O crescimento foi analisado entre os anos de 2016 e 2024, com um desenvolvimento lento de cerca de apenas 1,2 pontos percentuais (p.p.) ao ano.
Desigualdade social
Junto ao aumento no número de crianças atendidas, também foi registrado o crescimento da desigualdade no acesso de ricos e pobres às Creches. Em 2016, a diferença de acesso entre os 20% mais ricos e mais pobres era de 22 p.p. Já em 2024, o índice aumentou para 29,4 p.p
O percentual de crianças mais pobres de 0 a 3 anos atendidas na Educação Infantil é de apenas 30,6%, enquanto entre as mais ricas, os números saltam para a representação de quase o dobro, com cerca de 60%.
Dificuldade de acesso
O estudo mostra que, atualmente, 19,7% das crianças de 0 a 3 anos estão fora da Educação Infantil por desafios de acesso, o que corresponde a aproximadamente 2,28 milhões de crianças.
Na faixa etária de 0 e 1 anos, apenas 18,6% das crianças são atendidas e um a cada quatro não frequenta a Creche devido a alguma dificuldade de acesso ao serviço. Enquanto entre crianças de 2 e 3 anos, o atendimento alcançou 62,4%, em 2024, mas ainda com 14,9% das crianças fora das Creches por enfrentar barreiras de acesso.
A situação é bem mais controlada quanto à Pré-escola, que é obrigatória a crianças de 4 a 5 anos. Os índices nessa faixa etária mostra que 94,6% são atendidas. Embora o índice seja mais alto, a universalização ainda não foi alcançada e, em 2024, mais de 329 mil crianças nessa faixa etária não estavam sendo atendidas na primeira etapa obrigatória da Educação Básica.
Desigualdade regional
A desigualdade regional também é uma temática bastante presente no estudo, que mostra que as regiões Norte e Nordeste do país concentram os indicadores mais críticos, tanto em Creche quanto em Pré-escola. Quando relacionado ao atendimento de crianças de 0 a 3 anos, existe uma diferença de 47,1 p.p. entre os estados com maior e menor cobertura. Em 2024, São Paulo era o estado com maior taxa de atendimento (56,8%); já o Amapá tinha a menor (9,7%).
Por uma visão geral, os estados de Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Pará, Pernambuco e Maranhão são, respectivamente, os que possuem maior número de crianças de 0 a 3 anos com dificuldade de acesso à Creche. Juntos, o percentual dos seis estados representam mais da metade (51,1%) das 2,28 milhões de crianças que não estão na Creche por dificuldade de acesso ao serviço.
Bahia x Brasil
Quando analisada a situação da Bahia, em relação ao índice nacional, um gráfico disponibilizado no estudo mostra que o estado possui uma taxa de atendimento de crianças de 0 a 3 anos na Educação Infantil por Unidade Federativa, em 2024, de 36,9%, enquanto o índice nacional é de 41,2%. Confira:
Taxa de Atendimento de crianças de 0 a 3 anos | Foto: Reprodução/Todos pela Educação
Em números absolutos, cerca de 240.540 crianças foram matriculadas em creches na Bahia, em 2024, o percentual de aumento entre os anos de 2019 e 2024 é de 20,9%.
Número de matrículas em creche | Foto: Reprodução/Todos Pela Educação
Entre as crianças de 0 a 3 anos com dificuldade de acesso à creche. Na Bahia o índice, 26,7%, está acima do percentual nacional, 19,7%. Enquanto em números absolutos, possui o segundo maior número de crianças com dificuldade de acesso, atrás apenas de Minas Gerais (MG).
Dificuldade de acesso à creche | Foto: Reprodução/Todos Pela Educação
O percentual de atendimento para as crianças de 0 e 1 ano também são preocupantes, com a Bahia tendo alcançado 8,3%, enquanto a média nacional é de 18,6%.
Taxa de atendimento de crianças de 0 a 1 ano | Foto: Reprodução/Todos Pela Educação
A Bahia empata com a média nacional entre as crianças de 2 e 3 anos na Educação Infantil, onde o Brasil possui cerca de 62,4%, mesmo índice registrado na Bahia.
Taxa de atendimento de crianças de 2 a 3 anos | Foto: Reprodução/Todos pela Educação
Quando analisado o percentual na taxa de atendimento de crianças de 4 a 5 anos, a Bahia é o terceiro estado melhor colocado, com cerca de 97,3% jovens inscritos.
Taxa de atendimento de 4 a 5 anos | Foto: Reprodução/Todos Pela Educação
Quanto ao percentual de crianças nessa faixa etária que não possuem acesso ao serviço, apenas 2,7% foram registrados.
Percentual de Crianças que não frequentam a Pré-Escola | Foto: Reprodução/Todos Pela Educação
Situação em Salvador é reflexo da Bahia, com situação preocupante em creches e favoráveis na pré-escola
Os números registrados em Salvador mostram que o baixo índice na taxa de atendimento de crianças de 0 a 3 anos, em território baiano, não é isolado da capital baiana.
Em um levantamento sobre as capitais das unidades federativas, Salvador aparece com 31% de taxa de atendimento das creches, a porcentagem está abaixo da medida nacional, de 41,2%.
O índice de dificuldade de acesso a creches para a capital baiana, cerca de 26,1%, aparece acima do registrado para a média nacional, 19,7%.
Taxa de atendimento de 0 a 3 anos por capital | Foto: Reprodução/Todos pela Educação
Índice de dificuldade de acesso à creche por capital | Foto: Reprodução/Todos Pela Educação
Salvador ocupa a segunda posição do ranking de maior índice de taxa de atendimento da pré-escola, classificação designada ao ingresso de crianças de 4 a 5 anos. A capital aparece atrás de Teresina, no Piauí, e Vitória, no Espírito Santo, que dividem o primeiro lugar, tendo alcançado a universalização.
Com o registro de 94,6% em capitais de todo o Brasil, Salvador supera a média nacional, com o índice de 98,1% no atendimento para crianças na faixa etária da pré-escola.
Taxa de atendimento de 4 a 5 anos por capital | Foto: Reprodução/Todos pela Educação