Banco Central deve iniciar testes pilotos para a criação do Real Digital em 2022
Criação digital servirá para pagamentos instantâneos

Foto: Agência Brasil
O Banco Central (BC) pretende iniciar testes pilotos para a criação do real digital no próximo ano. Desde maio deste ano, quando divulgou as primeiras diretrizes do projeto, o banco estuda formas de viabilizar a criação da versão digital da moeda brasileira, emitida e lastreada pela autoridade monetária como qualquer cédula. De acordo com o BC, o real digital servirá para pagamentos instantâneos, como já faz o Pix. A instituição financeira, no entanto, espera que a tecnologia estimule novas soluções, como transações off-line.
Nessa maturação, o BC já definiu linhas básicas: sigilo bancário, estímulo a modelos inovadores como a internet das coisas e contratos inteligentes, nos quais o cumprimento de uma obrigação é atrelado a uma transação financeira instantânea, com mais eficiência e menos risco. Atualmente, estão em curso discussões mais técnicas, como os possíveis impactos nos depósitos dos bancos e a capacidade de operar em conjunto com outras moedas digitais nacionais.
Suécia, China e Coreia do Sul, por exemplo, já trabalham em suas versões. Esse ponto pode favorecer exportações e importações. O BC conversa com autoridades monetárias de países como Reino Unido e Itália para desenvolver o Pix internacional, que deve possibilitar transferências internacionais instantâneas. Ainda segundo o BC, o real digital também depende da evolução de inovações como o Pix e Open Finance, e mudanças nas regras cambiais atualmente em discussão no Senado.
A moeda virtual ainda deve levar anos, mas o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirma que o Brasil está avançado em comparação com outros países. A primeira preocupação da equipe dele foi separar o que é uma moeda digital emitida por banco central (CBDC em inglês) de uma criptomoeda, como o bitcoin. A primeira tem emissão centralizada no BC e distribuição por instituições financeiras, como o real convencional. A segunda não tem característica de meio de troca e não é emitida por um país, mas obtida por meio de interações digitais transnacionais, a chamada mineração. Por isso, para o BC, criptomoedas não são moedas, mas ativos.