O adiamento das eleições de outubro para novembro, aprovado pelo Congresso, teve o aval do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no intuito de atender recomendações médicas e sanitárias e entender que postergar o pleito por algumas semanas seria mais seguro para eleitores e mesários. Neste momento inédito, que coincide com todo complicado ano eleitoral, é bem-vindo qualquer tempo extra para reajustar o mecanismo que elegerá novos representantes do Executivo e Legislativo das esferas municipais. Logo, excluir a identificação biométrica no dia da votação é igualmente salutar.

A questão, decidida tomada pelo presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, deverá ser incluída nas resoluções das Eleições 2020 e levada a referendo do Plenário do TSE após o recesso do Judiciário. Tem a chancela de infectologistas que prestam consultoria sanitária para as eleições municipais e, por certo, não deve sofrer resistência para ser acatada. 

Para decidir excluir a biometria, médicos e técnicos consideraram dois fatores: a identificação pela digital pode aumentar as possibilidades de infecção, já que o leitor não pode ser higienizado com frequência; e aumenta as aglomerações, uma vez que a votação com biometria é mais demorada do que a votação com assinatura no caderno de votações. Muitos eleitores têm dificuldade com a leitura das digitais, o que aumenta o risco de formar filas.

O momento é de avaliar todos os riscos à saúde pública durante a votação, mesmo que, na análise dos infectologistas envolvidos, em novembro – quando ocorrerá a eleição –, a situação da pandemia estará em condição bastante inferior à registrada atualmente. Ainda assim, é arriscado demais relevar qualquer projeção sobre a disseminação da covid-19 no Brasil.